Teatro
Um Porto para Elizabeth Bishop. Encenado com maestria por Regina Braga, esse monólogo de Marta Góes desvela um divertido olhar estrangeiro sobre os brasileiros e, em particular, sobre os cariocas. A atriz dá vida à poetisa americana Elizabeth Bishop (1911-1979), com recorte no período em que ela viveu no país, entre as décadas de 50 e 60, radicada no Rio, em Petrópolis e em Ouro Preto. Ao mesmo tempo em que se emocionava com a solidariedade de desconhecidos quando caiu doente, a escritora, em contrapartida, ficava abismada com a bagunça das nossas cidades e a falta de mobilização do povo. A personagem destaca que só viu a população unida por uma causa em uma única ocasião, na final da Copa do Mundo de 1958, vencida pela nossa seleção. Transformada pela temporada nos trópicos, a autora, que chegou ao país descrente de seu talento e com apenas um livro publicado, acabou conquistando o Pulitzer de poesia em 1956. No campo afetivo, descobriu também no patropi a felicidade, num longo relacionamento com a paisagista Lota Macedo Soares (1910-1967).
Exposição
Ana Maria Tavares. Sem expor no Rio há catorze anos, a escultora mineira compensa a ausência com essa mostra em cartaz até sábado (19) na Galeria Silvia Cintra + Box 4. Batizada de Desviantes, a individual tem como destaque quatro painéis da série Hieróglifos Sociais, em que o espectador pode alterar a configuração das imagens ao deslocar suas partes corrediças, como se fossem portas de um armário. Por trás delas, há no fundo motivos abstratos impressos em chapas de aço inoxidável. Também chamam atenção os oito dípticos da série Eclipse. Dispostas em pares, essas curiosas peças são compostas de impressões fotográficas sobre grossas camadas de acrílico. Espelhos instalados em sua parte posterior refletem a luz e as imagens ao redor, causando um surpreendente efeito visual. Completa o acervo a instalação Mesa Oca, construída com acrílicos superpostos e cujos contornos reproduzem pavimentos da Oca do Ibirapuera, em São Paulo.