Alunos da Rural, em Seropédica, relatam quatro tiroteios em uma semana
Estudante de biologia da universidade morreu vítima de bala perdida em emboscada de milicianos para atacar grupo rival
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) suspendeu as aulas nesta terça (9), depois que, na segunda (8), o estudante de biologia Bernardo Paraíso morreu numa troca de tiros envolvendo milicianos, em Seropédica. Em entrevista ao portal G1, um dos alunos da UFRRJ contou que a violência vem aumentando nos últimos anos na região, e que, na última semana, quatro tiroteios na cidade deixaram os moradores apavorados. “Eu sou de outro estado. Estou longe da minha família, cursando a faculdade que sempre sonhei, em um curso que queria, correndo atrás do que eu sempre almejei. Era para ser um sonho. Mas está se tornando um pesadelo“, disse o rapaz, sem se identificar.
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O quarto tiroteio foi o que tirou a vida de Bernardo, além de ferir duas crianças e a mãe delas. Eram 15h30, e a Avenida Ministro Fernando Costa estava movimentada, quando explodiu a troca de tiros. Milicianos vestidos como policiais, com balaclavas e coletes à prova de balas, corriam pelas ruas carregando fuzis em meio a carros e pedestres, que tentavam se proteger em desespero. A ação teria sido uma emboscada para atacar rivais. Bernardo, que ia ao supermercado, foi baleado e morreu na hora. Nascido em Niterói, ele tinha 24 anos e estava no último ano da faculdade. A UFRRJ também declarou luto oficial de 3 dias.
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Os carros parados em frente ao supermercado ficaram crivados de balas. Um deles tinha 16 marcas de tiros no vidro dianteiro. Um dos bandidos foi atingido no tórax e atendido no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. Com ele, foi apreendido um fuzil. Um segundo suspeito foi preso com uma pistola. Nas últimas semanas, os confrontos entre milicianos se intensificaram pelo controle territorial de Seropédica. A morte de Tauã de Oliveira Francisco, o Tubarão, durante uma operação da Polícia Civil em fevereiro, teria agravado a guerra entre quadrilhas rivais. De acordo com investigações, ele era chefe de um grupo que é inimigo do bando de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e atuava em Seropédica, Itaguaí e parte de Nova Iguaçu. Ricardo Coelho da Silva, o Cientista, que teria assumido a milícia no lugar de Tubarão, acabou morto um mês depois durante um aniversário numa casa de festas no Tanque, na Zona Oeste do Rio. A Polícia Civil investiga quais grupos armados estão disputando o controle dessa região. Zinho está preso desde dezembro.