Um novo cartão-postal
Com visual moderno, o Túnel da Grota Funda atrai olhares de motoristas e pedestres
Em uma cidade com tantas belezas naturais como o Rio de Janeiro, é surpreendente que uma obra viária tenha se transformado na mais recente atração turística da cidade. Inaugurado no início de junho, o Túnel da Grota Funda vem chamando a atenção de motoristas e pedestres pelo design arrojado. À primeira vista, o que se destaca é a estrutura metálica no formato de um semiarco. Longe de ser apenas decorativo, o painel tem um objetivo importante. Equipado com placas de vidro opaco, ele ajuda a minimizar aquela fração de segundo em que, ao sair de um ambiente claro para outro escuro, o motorista tem sua visão ofuscada. Detalhes como esse já levaram centenas e centenas de cariocas ao local. Entre eles, as arquitetas Laura Vilela e Carina Carmo, que percorreram 38 quilômetros desde a Lagoa, onde trabalham, até a Zona Oeste, para conhecer de perto a construção. “É bonita e funcional ao mesmo tempo”, resume Laura.
Inspirado em seus pares europeus, em especial nos suíços, o túnel carioca utilizou alguns dos mais modernos recursos tecnológicos da engenharia civil. O trajeto conta, por exemplo, com um piso especial que ajuda na prevenção de derrapagens. Segurança, aliás, é uma preocupação que permeia todo o projeto. A estrutura possui geradores próprios, à prova de apagões, e alto-falantes instalados a cada 20 metros. Eles podem ser acionados em caso de acidente, para dar instruções aos motoristas. Da Suíça vieram as placas de trânsito e a tinta usada para revestir as paredes das galerias – de fácil limpeza, ela promete reduzir o efeito da fuligem. “Nosso objetivo era fazer um túnel que não lembrasse uma caverna, como os outros”, diz Alexandre Risso, da Secretaria de Obras municipal.
Embora tenha apelo futurista, o projeto original foi criado na década de 50. Mas só ganhou força para sair das pranchetas depois que o Rio se tornou cidade olímpica. Alternativa à Serra da Grota Funda, o túnel custou 550 milhões de reais e faz parte da Transoeste, uma das obras cruciais para melhorar o transporte público antes do início do evento. Por ali, atravessando o Maciço da Pedra Branca, devem trafegar 10?000 veículos por dia. Em vez do caminho sinuoso que demorava em média vinte minutos para ser percorrido, eles vão encontrar um novo trajeto, de 1,1 quilômetro, que leva pouco mais de um minuto. Não é preciso ser muito observador para perceber que os Jogos começam a deixar seu legado.