Como facção comandada por Peixão expande serviço clandestino de internet

Segundo os investigadores, tráfico explora o serviço em praticamente todo estado, cobrando pedágio das operadoras e utilizando de laranjas

Por Da Redação
14 abr 2025, 11h11
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Internet clandestina: equipamentos irregulares têm sido apreendidos pelo menos uma vez por semana em operações policiais (./Reprodução)
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O tráfico entrou no mercado das empresas fornecedoras de internet com o pé na porta: funcionários mantidos reféns, ameaças verbais e coação estão entre as práticas que o crime organizado usa para expandir o serviço clandestino no estado do Rio. Desde o ano passado, a Polícia Civil já abriu mais de 120 investigações sobre mais este tentáculo do tráfico, a exemplo das milícias. A fonte de lucro é tão grande que chega a competir com a venda de drogas. Nas operações policiais, equipamentos irregulares têm sido apreendidos pelo menos uma vez por semana, como mostrou o Fantástico, da TV Globo, neste domingo (13).

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“Mete o pé, vaza. Pois é a segunda vez que estou te avisando. Quem manda aqui é o Peixão. Vou te matar se não sair daqui”, pode-se ouvir num áudio enviado por um traficante ao funcionário de uma empresa provedora de internet num dos bairros controlados pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), no Rio, comandado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, que o programa exibiu. Em outro áudio obtido pelo Fantástico, um bandido diz a um morador de uma comunidade na Região Metropolitana do Rio, através de um aplicativo de mensagens: “Tem a nossa internet aí, o amigo vai mostrar pra vocês qual é nossas internet, entendeu? Quando vê os amigos entrando nos prédios, tirando os fios, nós não tá roubando. Nós tá tirando a internet dos cara. Peço a colaboração de todos, entendeu? Pra não passar por cima da nossa ordem, entendeu? Ordem de forças maiores, entendeu?”.

“O crime organizado percebeu que é um produto que chega para todos, que toda a população tem necessidade de consumir, e que essa distribuição do sinal gera um lucro astronômico. É muito comum os líderes de facção utilizar parentes ou conhecidos como laranjas para explorar essas empresas, pois além de explorar o serviço, eles ainda conseguem lavar o dinheiro de outras atividades. Internet é a nova boca de fumo”, disse o delegado Pedro Brasil.

Segundo os investigadores, todas as facções exploram o serviço, em praticamente todo estado, cobrando pedágio das operadoras, montando serviço ilegal ou ainda se utilizando de laranjas. Em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, uma das maiores facções do país, a polícia encontrou equipamentos de acesso à internet que tinham sido roubados pelos bandidos. Campos dos Goytacazes, São João de Meriti, Cabo Frio, Rio das Ostras, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Angra dos Reis.

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“O que chateia mais é o cara dizer que se você não atender os desejos dele, o seu funcionário vai descer do poste na bala”, disse um empresário que foi expulso do bairro onde oferecia internet numa cidade do Norte Fluminense, e acabou desistindo do negócio.

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Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações, o Brasil tem mais de vinte mil pequenos e médios provedores de internet. Só nos últimos dois anos, eles investiram mais de 18 bilhões de reais em infraestrutura de rede. “A Anatel está à disposição de todas as forças policiais e de segurança pública para ajudar tecnicamente na identificação desses delitos – afirmou Gesiléa Teles, superintendente de Fiscalização da Anatel. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado do Rio informou que está em contato constante com a agência nacional de telecomunicações a fim de resolver o problema, e que já mapeou as áreas do estado onde as facções atuam para combater esse braço financeiro do crime organizado.

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