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Bondinho fantasma

Apesar de pronto, o teleférico da Providência não tem data para começar a operar

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 13h41 - Publicado em 7 Maio 2014, 18h20
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Divulgação (Redação Veja rio/)
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Duzentos degraus. Essa é a inclinação que o aposentado Orlando Silva, de 68 anos, precisa vencer para chegar a sua casa, no Morro da Providência. Assim como ele, os 5?000 moradores da favela mais antiga da cidade assistem, perplexos, à progressiva deterioração do teleférico construído pela prefeitura, antes mesmo de começar a funcionar. Orçada em 75 milhões de reais, a obra, finalizada em 2012, possibilitaria transportar até 3?000 passageiros por hora e deveria servir como um marco de mobilidade na região central. Em cabines semelhantes às utilizadas no Complexo do Alemão, os passageiros cruzariam o promontório, indo da Central do Brasil à Cidade do Samba em apenas cinco minutos. O panorama atual, no entanto, está longe disso, e o que se vê é um teleférico fantasma. Prontas e com acabamento, as três estações do sistema já sofrem com a falta de manutenção. Há ligações clandestinas de energia elétrica, e o mato invade as instalações. Num sinal nada alentador, as dezesseis gôndolas que fariam o percurso foram guardadas num depósito. “É um sonho vê­-lo funcionando. Mas, por enquanto, a situação é desoladora”, diz o aposentado.

O teleférico faz parte do programa de urbanização de favelas Morar Carioca, conduzido pela Secretaria Municipal de Habitação. Estimado em 163 milhões de reais, o conjunto de intervenções previa, originalmente, o reassentamento de 800 famílias, a abertura de novos acessos e a construção de um plano inclinado. As obras foram paralisadas no último ano, depois de um grupo de moradores entrar na Justiça contra as remoções. “Os políticos vieram aqui, organizaram evento de inauguração e sumiram”, conta José Gomes, dono de uma loja de material de construção vizinha à estação mais alta. Ele se refere à cerimônia realizada em dezembro de 2012, quando o prefeito Eduardo Paes esteve no local para acompanhar os testes. “Cheguei a filmar as gôndolas passando por aqui. É frustrante”, lamenta Gomes. O evidente desperdício de dinheiro foi parar até mesmo nas páginas do New York Times, em recente reportagem sobre projetos públicos abandonados no Brasil. Em resposta evasiva enviada por e-mail a VEJA RIO, a prefeitura afirma que está finalizando o modelo de operação do sistema e que o atraso se dá porque a empresa responsável por operar aquele meio de transporte ainda não foi escolhida. Não há, no entanto, prazo para as gôndolas começarem a circular. O jeito é mesmo encarar os degraus.

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