Rosa Fernandes: “Sou suburbana por convicção”

Nascida e criada no Irajá, a vereadora defende a política que nasce nas ruas e é autora de mais de trezentas leis

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
23 Maio 2025, 07h00
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Rosa Fernandes: “Tenho orgulho de ser porta-voz das dores e necessidades dos cidadãos” (Leo Lemos/Veja Rio)
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Com mais de trinta anos de vida pública e nove mandatos consecutivos na Câmara Municipal do Rio, a parlamentar Rosa Fernandes (PSD) é uma figura ilustre no subúrbio carioca. Psicóloga de formação, a moradora de Irajá atua com intensidade na região onde nasceu e construiu sua base eleitoral.

Presidente da Comissão de Orçamento da Casa, ela é autora de mais de trezentas leis que tratam de temas como saúde, direitos das mulheres, terceira idade, meio ambiente, iniciativas comunitárias e esportivas. Na sua rotina, são mais de doze horas de trabalho diário, com direito a maratonas de visitas, reuniões e participação em grupos de WhatsApp com moradores da cidade inteira — durante a entrevista, ela mostrou as inúmeras conversas que tenta acompanhar. “Tenho orgulho de ser porta-voz das dores e necessidades dos cidadãos”, conta Rosa, que detalhou os projetos que nasceram da escuta ativa e próxima à população.

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O que mudou na sua atuação parlamentar ao longo de tantos mandatos? Tudo e, ao mesmo tempo, nada. A cidade se transformou, os assuntos são outros. A segurança pública está no centro de tudo, da valorização imobiliária aos investimentos na cidade. Mas a minha forma de atuar segue a mesma, sempre ouvindo as pessoas. De domingo a domingo, estou nas ruas. E toda segunda-feira — faça chuva ou sol —, atendo pessoalmente no meu escritório. Além de estar presente em diversos grupos de WhatsApp com moradores de diferentes bairros, alguns com mais de duzentos membros, e receber mensagens e ligações constantemente.

É a partir dessas conversas que a senhora pensa nos projetos de leis? Exatamente. Um exemplo foi a que garante prótese mamária gratuita para quem passou por mastectomia total. Isso surgiu em conversas com mulheres que enfrentavam dificuldades com autoestima e o convívio social. Outro é a obrigatoriedade de cardápios em braille nos restaurantes. Veio de um diálogo com pessoas com deficiência visual, que relataram o constrangimento de depender dos outros até para saber o preço da comida.

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Nunca pensou em se mudar de Irajá? Não sei morar em outro lugar. Nasci e continuo na mesma rua até hoje, por escolha. Sou suburbana por convicção e sei o quanto é uma região discriminada. Como presidente da Comissão de Orçamento, cobro isso nas audiências: por que tal serviço nunca chega à Zona Norte ou à Zona Oeste? Representação sem representado é falha.

Pode citar um projeto que tenha surgido dessa vivência com o subúrbio? A lei complementar que trata da legalização de construções e acréscimos veio da luta por justiça social. Propus que moradores das Áreas de Planejamento 3 e 5, além de regiões como Jacarepaguá, Cidade de Deus e Rio das Pedras, pudessem pagar a contrapartida com 50% de desconto à vista ou 30% em até sessenta vezes. Isso é pensar no pequeno proprietário, que construiu sua casa com esforço e merece regularizar seu imóvel. Também propus a criação do bairro Argentino, na Zona Norte. Aquela área fazia parte de Brás de Pina, mas fica tão distante da parte central que os moradores têm dificuldade de acesso a serviços. Com o reconhecimento oficial, melhoramos o atendimento e a visibilidade da região.

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Quais são as prioridades do seu mandato atual? Segurança pública e saúde são as duas questões que mais pesam hoje. Na saúde, o problema é o acesso. Os planos estão mais difíceis e o sistema público fica sobrecarregado. Apesar dos esforços do governo, ainda não é suficiente para garantir o atendimento que a população precisa.

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A política está no seu DNA. O que você aprendeu com seu pai, o deputado Pedro Fernandes? Aprendi tudo. Meu pai foi a minha escola. Ele teve dez mandatos como deputado, quarenta anos de vida pública, sempre muito voltado à questão da educação. Quando era criança, eu o acompanhava no trabalho. Até hoje, em situações difíceis, penso: “O que ele faria?”. É minha bússola.

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Você nunca pensou em ter outro cargo político? Não. Quero continuar sendo vereadora. É o cargo mais importante porque é o mais próximo do povo. Minha história está aqui.

O que mais te orgulha nessa trajetória? Ter sido porta-voz das dores e necessidades dos cidadãos. Lutei pela isenção do IPTU para imóveis de até 55 000 reais de valor venal, e contra a cobrança da taxa de lixo para quem era isento do imposto. Sempre votei com olhar suburbano. Pergunto: isso vai ajudar ou prejudicar a vida das pessoas? Se tiver que brigar, eu brigo.

Como você enxerga o futuro da política carioca, especialmente em relação ao papel das mulheres? Elas estão se consolidando neste segmento, mas ainda é difícil. Política exige tempo e abdicação. A mulher que entra precisa ser uma heroína. No começo, falavam enquanto eu discursava na tribuna. Hoje, fazem silêncio. Ganhei respeito. Sou barraqueira quando precisa ser, mas também adotei muitos “filhos” políticos que chegaram aqui. O parlamento assusta, mas com o tempo a gente aprende a lidar.

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