Como Rogério Andrade ordenou morte de rival através de aplicativo
Contraventor utilizou o Wickr, que tem criptografia de ponta a ponta e não pede identificação do usuário
Preso novamente nesta terça (29), o bicheiro Rogério Andrade é apontado, em novas investigações, como o mandante da morte do também contraventor Fernando de Miranda Iggnácio, em novembro de 2020. Na denúncia dos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), consta que o crime teria sido ordenado por uma mensagem em um aplicativo que criptografa as conversas, o Wickr. O app também não armazena dados de localização “o que garante total privacidade a quem fizer uso do serviço”. Segundo a investigação, o contraventor usaria um perfil com o nome “capitanjacks” e a foto do personagem Jack Sparrow da franquia Piratas do Caribe.
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“No contexto das atividades da Organização Criminosa e controle dos pontos de vinculados à exploração do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, tendo como realidade fática a necessária tomada de territórios, o denunciado ROGÉRIO DE ANDRADE, ao menos desde o mês de março de 2020, utilizando-se do codinome CAPITANJACKS, através de comunicação mantida pelo aplicativo de mensagens WICKER ME7, com o denunciado MÁRCIO ARAÚJO, que se utilizava o codinome LOBO009, determinou a morte de FERNANDO IGGNÁCIO para a tomada de territórios sob o seu controle, ao externar ao denunciado MARCIO ARAÚJO, seu subordinado e braço armado “ O CABELUDO É O QUE INTERESSA”, diz trecho do documento. De acordo com os promotores, um cruzamento de informações revela de quem eram os perfis. Márcio Araújo, que usa o codinome Lobo009, é acusado de ser braço direito do bicheiro. O “cabeludo” seria uma referência a Fernando Iggnácio.
O aplicativo Wickr já apareceu em outras investigações, como as da Lava-Jato, em que figurou em denúncias e inquéritos por estar sendo usado entre os investigados. Segundo o MP, a plataforma oferece várias camadas de segurança e cada mensagem tem um tempo de autodestruição estipulado. O aplicativo não exige uma identificação, como um email ou número de telefone e basta que o usuário escolha um nome e crie uma senha.
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Rogério e outras cinco pessoas foram denunciados por homicídio triplamente qualificado. O advogado Raphael Mattos, que faz a defesa de Rogério Andrade, ainda não se manifestou.