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Rio desponta como terreno fértil para startups e o mercado de tecnologia

Com universidades de ponta, empresas líderes de mercado e uma enorme indústria criativa, a cidade pretende se tornar polo de inovação na América Latina

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 27 ago 2024, 08h30 - Publicado em 16 ago 2024, 06h03
Desde abril no Centro: galpão abriga hub de startups Porto Maravalley e o Impa Tech
Desde abril no Centro: galpão abriga hub de startups Porto Maravalley e o Impa Tech  (./Divulgação)
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Ao percorrer o caminho da rodoviária em direção ao aeroporto Santos Dumont, é visível a mudança de cenário: a Zona Portuária, renascida para os Jogos Olímpicos de 2016, enfim ganha ares modernizados. Antigos sobrados compõem a paisagem com sete prédios residenciais em fase final de obra. Até 2027, são esperados de 20 000 a 30 000 novos moradores, trazendo vida nova a uma região que por décadas esteve fadada ao abandono.

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Em funcionamento desde abril, um galpão de 10 000 metros quadrados, com paredes brancas e imensas janelas, abriga o hub de startups Porto Maravalley e o Impa Tech, no Santo Cristo. Apenas um dos indícios da aposta alta dos setores público e privado para fazer da cidade fluminense o centro da inovação na América Latina. “Por ter sido capital federal, o Rio tem importância histórica e excelentes universidades. Além disso, é sede das maiores empresas de óleo e gás e movimenta uma enorme indústria criativa. Faltavam políticas para incentivar e conectar empreendedores, investidores e o governo”, resume o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, que desde 2021 se dedicou ao projeto em três vertentes: educação, infraestrutura e atração de investimentos.

Políticas para incentivar e conectar empreendedores: aposta do secretário Chicão Bulhões
Políticas para incentivar e conectar empreendedores: aposta do secretário Chicão Bulhões (./Divulgação)

Em pouco mais de dois anos, o Rio inaugurou 200 ginásios educacionais tecnológicos (GETs), que seguem a abordagem Steam (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática). São 10 000 alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio. No ano passado, o projeto Programadores Cariocas, parceria da prefeitura com o Senac, capacitou 750 jovens entre 17 e 25 anos de idade — 80% deles em situação de vulnerabilidade — para o mercado de tecnologia da informação. “Tudo na vida é uma combinação de sorte e esforço. Eu já estudava por conta própria, mas precisava de oportunidade. Participar das aulas mudou, literalmente, a minha vida. Consegui um estágio cujo salário é de 5 000 com benefícios”, diz Dáilla Mendes, 27 anos, ex-manicure que hoje trabalha com cibersegurança numa multinacional.

O nascimento do Impa Tech, que oferece graduação gratuita em matemática, coroa as iniciativas na educação. “Nós reunimos os melhores alunos do Brasil e temos certeza de que formaremos o topo da intelectualidade nacional. Nossos cérebros não vão mais precisar sair daqui para serem reconhecidos”, promete Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

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Carlos Martins, diretor da ACX: braço de negociação de créditos de carbono da B3 foi instalado no Rio
Carlos Martins, diretor da ACX: braço de negociação de créditos de carbono da B3 foi instalado no Rio (./Divulgação)

Posicionar as salas de aula do Impa Tech ao lado dos postos de trabalho e laboratórios de inovação de gigantes, como Eletrobras e Shell, no Porto Maravalley, não foi coincidência. “A ideia é apresentar a vida real aos estudantes, incentivando o surgimento de projetos ligados a temas como sustentabilidade, energia, saúde, games e finanças, vocações do Rio”, define Daniel Barros, CEO do Porto Maravalley, cuja ambição é dobrar o número de startups fluminenses (hoje na casa dos 1 000) na próxima década, seguindo bons exemplos como o Instituto Caldeira, de Porto Alegre, e o Porto Digital, da capital pernambucana.

A 3,2 quilômetros dali, na Avenida Presidente Vargas, a Cápsula, centro de inovação do Senac RJ, oferece palestras, cursos e consultorias com foco na transformação econômica e tecnológica no comércio, no turismo e no setor de serviços. “O ambiente reúne os mais diversos agentes e é propício a discussões interessantes. O mais legal é que notei alunos dispostos a aceitar as mudanças impostas por este novo momento tecnológico, sem dispensar, no entanto, legados e dados já disponíveis”, observa o empreendedor Ricardo Cappra, à frente do workshop Desenvolvendo um Mindset Data-Driven.

A base vem forte: 200 ginásios educacionais tecnológicos foram inaugurados em dois anos
A base vem forte: 200 ginásios educacionais tecnológicos foram inaugurados em dois anos (./Prefeitura do Rio de Janeiro)
O novo centro de inovação do Senac RJ: foco na transformação econômica e tecnológica
O novo centro de inovação do Senac RJ: foco na transformação econômica e tecnológica (Helio Melo/Divulgação)

O Rio de Janeiro tem o terceiro melhor ecossistema do Brasil para o crescimento de startups (perdendo para São Paulo e Curitiba) e é a 146ª cidade no ranking Global Startup Ecosystem Report de 2024. No ano passado, a Cidade Maravilhosa figurou, nesse mesmo levantamento, como a região mais fértil daquelas em estágio inicial de desenvolvimento do ambiente de inovação.

No mercado de capitais, a novidade é a volta da bolsa de valores, que começará a ser testada em dezembro, batendo de frente com a paulistana B3, cujo braço de negociação de créditos de carbono se instalou por aqui no início do ano. “O Rio tem uma estrutura sofisticada de investidores, percebemos esse flanco e viemos para cá. Não existe inovação sem pensar em sustentabilidade”, aponta Carlos Martins, diretor da ACX, operadora do serviço. A capacidade de reinvenção também depende de olhar para o que deu certo no passado, como lembra Ricardo Cappra, parceiro da Cápsula Senac. “O processo deve ser contínuo, independente do ciclo político das cidades”, arremata. Um belo futuro se desenha para o Rio de Janeiro.

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