Rio perde 678 milhões de reais com trânsito em dias de chuva. Entenda
Cálculo foi feito a partir de base de dados inédita, compreendendo informações de GPS de alta frequência dos ônibus e de adesão ao transporte público
Os efeitos das chuvas de alta intensidade (CAI) na mobilidade urbana do Rio são bem conhecidos empiricamente pelos cariocas, mas foram esmiuçados academicamente em estudo recente da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (EPGE/FGV). Segundo o levantamento, o tempo perdido em engarrafamentos provocados pelos temporais custa caro. Mais especificamente R$ 678 milhões. O cálculo foi feito a partir de uma base de dados inédita, compreendendo informações de GPS de alta frequência dos ônibus do Rio de Janeiro e dados de adesão ao transporte público, ambos entre 2017 e 2018.
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A pesquisa que quantifica os impactos significativos dessas chuvas na utilização e funcionamento do sistema de transporte público carioca foi feita pelo doutorando Pedro Henrique Chaves Maia, orientado pelo professor Bruno Barsanetti. E foi dividida em quatro partes principais:
Estimativa de Perdas de Velocidade – avaliação das perdas de velocidade dos ônibus derivadas das chuvas intensas.
Identificação de Gargalos – identificação de gargalos induzidos pelas chuvas intensas, com uma análise detalhada da heterogeneidade espacial.
Adaptação dos Passageiros – análise das alterações do uso de transporte público em virtude das chuvas intensas.
Análise de Impacto – avaliação da efetividade da infraestrutura urbana e intervenções públicas na mitigação da perda de velocidade do trânsito decorrente das chuvas intensas.
O estudo também constatou uma diminuição média de 8,94% na velocidade dos ônibus durante ocorrências de chuvas intensas e que as áreas de planejamento mais ricas (Zona Sul e Centro) sofrem menor perda de velocidade viária decorrente das CAI mais recorrentes, porém menos intensas. Também há uma queda no número de passageiros utilizando o sistema de transporte público durante chuvas moderadas. Esse efeito é atribuído à inconveniência de acessar estações e paradas. Em chuvas mais severas, entretanto, os passageiros optam mais pelo transporte público, provavelmente, em virtude da maior resiliência do sistema ferroviário.
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O levantamento destaca a relevância de uma análise aprofundada dos impactos das chuvas de alta intensidade, não apenas para a compreensão dos desafios atuais, mas também para a preparação para cenários futuros previstos pelas mudanças climáticas. E aponta caminhos para a formulação de políticas públicas neste sentido.