Ônibus incendiados: Rio teve prejuízo de 70 milhões de reais desde 2023
Dados da Rio Ônibus incluem despesas causadas em coletivos vandalizados ou sequestrados para serem utilizados como barricadas, como nos dois últimos dias
De janeiro de 2023 até julho de 2024, ataques a coletivos na cidade já somam um prejuízo de R$ 70.311.740,15 – do total, pelo menos R$ 22.631.700 foram gastos este ano. O cálculo é do Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas de ônibus no Rio, e inclui danos causados em veículos incendiados, vandalizados ou sequestrados para serem utilizados como barricadas, como foi feito por criminosos com nove ônibus nesta quarta (16) na Tijuquinha, Zona Oeste do Rio, para evitar uma operação do Bope, e volta a acontecer nesta quinta (17). Até o início da tarde, há registro de cinco coletivos atacados, dois em Costa Barros, na Estrada de Botafogo, um em frente ao metrô da Pavuna, e dois na Muzema, na mesma Estrada do Itanhangá interditada na quarta (16). Um total de 14. Todas as vias já foram liberadas.
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Ainda segundo o Rio ônibus, em um ano, 130 veículos foram sequestrados na cidade em situações como essa. Somente neste ano, 95 ônibus foram sequestrados para serem usados como barricadas, e oito foram incendiados. Os bairros mais afetados pelos sequestros para uso de veículos como barricadas são Vila Aliança e Muzema/Tijuquinha, na Zona Oeste, além de Cordovil e Ramos, na Zona Norte. Na quarta (16), os bandidos tiraram as chaves dos coletivos e pediram para os passageiros descerem, antes de atravessaram os veículos na via. Nesta quinta (17), em alguns casos a bateria dos ônibus foi retirada para dificultar a remoção deles.
“Esse tipo de estratégia que os criminosos utilizam para desviar a atenção da Polícia Militar do ponto onde a gente está atuando ali, tentando criar essa cortina de fumaça, levando a desordem, o caos para pessoas inocentes”, disse a porta-voz da Polícia Militar, tenente coronel Cláudia Moraes. Segundo as informações da corporação, no momento do sequestro havia uma operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na comunidade da Tijuquinha, cujo objetivo era evitar disputas territoriais entre grupos rivais. Os dois sentidos da Estrada do Itanahngá foram obstruídos, gerando atraso e afetando cerca de 200 linhas de ônibus. De acordo com a Polícia Civil, o crime organizado tem uma espécie de função para gerentes de barricadas, responsável por instalar bloqueios nas comunidades do Rio para dificultar o acesso da polícia.
Nesta quinta (17), em Costa Barros, na Zona Norte, os coletivos furtados são da Linha 778 (Pavuna x Cascadura), enquanto na Muzema foram transportes das linhas 878 (Barra da Tijuca
x Tanque) e 863 (Rio das Pedras x Barra da Tijuca). Já o ônibus sequestrado na Pavuna pertence à Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semove), não sendo contabilizado pelo Rio Ônibus. Em nota, a Polícia Militar afirmou que policiais militares do 41ºBPM realizam operação no Complexo da Pedreira, também na Zona Norte, para impedir os roubos de veículos e de carga na região. Ao chegarem no local, os agentes teriam sido atacados por criminosos na Comunidade da Quitanda, onde um policial foi ferido por estilhaço no pescoço, e um homem foi ferido e socorrido por meios próprios. Drogas e três carregadores de fuzis foram apreendidos.
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Já na Estrada do Itanhangá, que ficou fechada por cerca de duas horas, a PM informou que a ação do Bope aconteceu a partir de denúncias sobre uma invasão do Comando Vermelho em Rio das Pedras — considerada o berço da milícia no Rio. A maior facção criminosa do estado já controla totalmente o Morro do Banco, a Tijuquinha e a Muzema, que sempre foram dominados por grupos paramilitares, além de uma pequena parte de Rio das Pedras.