Remake de Vale Tudo traz de volta às ruas a moda dos anos 1980
Os cabelos de Solange e Maria de Fátima também viraram febre nos salões de beleza
A primeira impressão é a que fica — e Solange Duprat, a obstinada diretora de conteúdo da Tomorrow, no remake de Vale Tudo, leva isso a sério. No papel vivido por Alice Wegmann, 29 anos, a personagem aposta em um look all black “afrontoso belefrimo” para enfrentar o primeiro jantar com a temida sogra, Odete Roitman, interpretada por Débora Bloch, 61. Entre garfadas, farpas e alfinetadas, a jovem mantém a pose com um blazer de cetim sobre corselete rendado, pantalona ampla e scarpin elegante.
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No dia seguinte à exibição do capítulo, a atriz foi vista curtindo o show de Lady Gaga, em Copacabana, com um figurino quase idêntico ao de sua personagem. “Eu já gostava, mas venho adotando um estilo à la chérie. Até emprestei peças minhas para a novela”, conta Alice. “Solange é moderna, descolada, autêntica e preza pelo conforto. Tenho carregado um perfuminho dela no meu dia a dia”, resume.
Sucesso absoluto no horário nobre e nas rodas de conversa da cidade, Vale Tudo também se revela uma força transformadora na moda das ruas cariocas. Nos Estúdios Globo, a preparação das araras começou em julho do ano passado, em reuniões entre diretores de arte e figurinistas. E o resultado é visível na tela: figurino e cenografia estão em perfeita sintonia.
Sob a batuta de Marie Salles, o desafio era refletir o presente com um toque oitentista — sem cair no anacronismo ou em modismos passageiros. No caso de Solange, a construção do guarda-roupa partiu de um princípio sustentável. “Cerca de 80% das peças vieram de brechós e pontas de estoque. Os 20% restantes são de marcas de slow fashion. Reutilizar é atual e necessário”, explica a figurinista, que rebate as críticas de que Raquel, vivida por Taís Araujo, 46, aparece apenas com roupas da Farm. “Tem muita coisa de coleções antigas, sim, mas também compro tecido na Casa Simão e levo para costureiras”, detalha.
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Já a composição de Bella Campos, 27, como a ardilosa Maria de Fátima, foi inspirada no universo da Geração Z. “Tenho um filho de 24 anos e as amigas dele são 100% Maria de Fátima”, diverte-se Marie.
Entre os Roitman, o estilo é mais comedido — e luxuoso. O chamado quiet luxury, tendência antiostentação que ganhou força nos Estados Unidos e se popularizou com a série Succession, da HBO, é a marca da família na ficção. E não demorou para cair no gosto dos cariocas. A personagem Celina, vivida por Malu Galli, 53, tem inspirado consumidores em busca de sofisticação. “Esse movimento espontâneo reforça algo em que acreditamos: moda é narrativa”, diz Betina de Luca, da grife carioca BDLN, responsável pelos conjuntos estampados da personagem.
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A Animale é outra marca cujas vitrines parecem saídas diretamente da trama: bermudas e terninhos de alfaiataria com ombros marcados estão entre os destaques. “A versão de 1988 ainda soa atual, com silhuetas atemporais que trazem frescor mesmo depois de décadas. A moda vive no presente, mas olha para o passado para projetar o futuro”, observa Bel Yunes, diretora de estilo da marca.
“É interessante notar a adaptação dos trajes à estética contemporânea. A Maria de Fátima de Bella Campos é mais sensual, enquanto Raquel investe nas estampas florais, que estão em alta”, completa Yamê Reis, coordenadora de design de moda do IED-Rio.
Não é só o figurino de Vale Tudo que tem feito escola. Os cabelos de Solange e Maria de Fátima também viraram febre nos salões. Para Mariana Sixel, do Salão Azul, em Botafogo, os cortes refletem a personalidade das personagens. “O corte reto, sólido, geométrico e forte, que chamamos de Joana D’Arc, está em alta. A personagem da Alice Wegmann mistura doçura e firmeza com o curtinho e a franja”, explica.
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Já no caso da jovem vilã, os cachos volumosos e bem definidos, sem tantas camadas, imprimem uma estética arrojada e cheia de personalidade. “É um visual impactante, moderno e elegante. Tudo a ver com a it girl que Fátima quer se tornar”, arremata. Para completar, Taís Araujo também passou a tesoura nos fios para a nova fase da novela, em que sua personagem conquista o sucesso profissional — sempre com muito suor.
Desde 1988, Vale Tudo mostra que uma imagem vale mais do que mil palavras.
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