Raquel Spinelli fundou uma ONG no Morro da Providência
Iniciativa presta assistência a adolescentes grávidas
Em 2011, Raquel Spinelli fez o curso da Agência de Redes para a Juventude, que capacita jovens carentes para que toquem os próprios projetos. Quando o concluiu, apresentou a proposta de assistência a jovens grávidas, foi aprovada e ganhou 10 000 reais para pô-la em prática. “Pensei nisso porque tive muitas amigas que engravidaram quando jovens, em situação precária e sem o envolvimento do pai da criança”, explica Raquel, que é fisioterapeuta e moradora do Morro do Pinto. Batizada de Providenciando, a iniciativa consiste em dar total apoio às gestantes do Morro da Providência. Por dois meses, as adolescentes participam de palestras sobre sexualidade, fases da gestação e planejamento familiar, entre outros temas — além de receber acompanhamento médico e psicológico. “Os encontros acontecem na sala de uma igreja, duas vezes na semana, com dez a quinze gestantes. E, durante o curso, elas mesmas vão produzindo o enxoval do bebê. No fim, ainda ganham um book fotográfico”, detalha Raquel, que também auxilia no pós-parto.
“O carinho da mãe na gestação e na primeira infância é preponderante para a formação de pessoas inovadoras, capazes de desenvolver seu potencial e fazer escolhas melhores”
Durante três anos, Raquel recebeu pequenas colaborações financeiras, mas, em 2014, quando uma grande empresa quis patrocinar o projeto, ela o transformou em ONG, e lhe deu o nome de Providenciando a Favor da Vida. “Mas ainda sou voluntária; não vivo disso”, esclarece. Atualmente, Raquel divide o trabalho com uma psicóloga, um educador de arte, uma costureira, uma artesã, uma especialista em sexualidade e o marido, Alexandre Gonçalves, que fez o curso de doula para ajudá-la. “Acredito que o contexto de violência em que vivemos é fruto de gravidez indesejada, que resulta em crianças negligenciadas, o que se reflete na adolescência. O carinho da mãe na gestação e na primeira infância é preponderante para a formação de pessoas inovadoras, capazes de desenvolver seu potencial e fazer escolhas melhores. Assim, teremos uma sociedade diferente, com menos abandono”, diz ela.
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