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Rainha de bateria da Mangueira recolhe doações para moradores de rua

Desde janeiro de 2015, o grupo do Samba, Amor e Caridade (SAC) distribui comida, água potável, suco, roupas e sapatos em torno da Praça Tiradentes

Por Heloíza Gomes
Atualizado em 5 dez 2016, 11h09 - Publicado em 6 ago 2016, 01h00
Selmy Yassuda
Selmy Yassuda (Selmy Yassuda/)
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Evelyn Bastos se define como “politeísta” — suas crenças vão da umbanda ao catolicismo —, mas foram as palavras do espírita Allan Kardec (1804-1869) que despertaram nela a vontade de ajudar o próximo. “Para completar, sonhei com a madre Teresa de Calcutá (1910-1997). Fiquei com a imagem dela o dia inteiro na cabeça, pensando, pensando…”, recorda a estudante de educação física e rainha de bateria da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. A partir daí, ela teve a ideia de recolher doações para moradores de rua. Usou uma rede social para divulgar o projeto entre os amigos e conseguiu adesões rapidamente. Surgia então, em janeiro de 2015, o Samba, Amor e Caridade (SAC). “No último domingo de cada mês, eu e um grupo de dezessete pessoas distribuímos comida, água potável, suco, roupas e sapatos ao pessoal que vive nas ruas, em torno da Praça Tiradentes”, conta a sambista, nascida e criada no Morro da Mangueira e filha de Valéria Bastos, que também ocupou o posto de rainha de bateria da escola, de 1987 a 1989.

“Eu me renovo ao receber um sorriso, um ‘obrigado’. Ver como vivem os moradores de rua diminui qualquer dificuldade que se tenha”

Embora o grupo que acompanha Evelyn seja relativamente pequeno, o SAC está aberto a interessados em colaborar. Basta levar itens de primeira necessidade e não perecíveis à quadra da agremiação. “O presidente, Chiquinho da Mangueira, me deu total apoio e permitiu que a escola recebesse as doações. Então, durante o mês todo, de segunda a sábado, das 8 às 20 horas, quem quiser cooperar pode chegar. Aí, no dia da distribuição, cada um faz cerca de vinte quentinhas com os produtos recebidos”, detalha a rainha, que garante que nem os compromissos com o Carnaval são capazes de fazê-­la abandonar o projeto. “A vida é bem corrida, mas é só um dia no mês, né? Mesmo quando viajo não deixo de dar a minha contribuição”, afirma. Segundo Evelyn, a persistência em levar o SAC adiante tem uma explicação simples: satisfação. “Eu me renovo ao receber um sorriso, um ‘obrigado’. Ver como vivem os moradores de rua diminui qualquer dificuldade que se tenha. É uma lição de vida, que nos leva para a frente”, afirma a jovem de apenas 22 anos. ■

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