Queimadas no Rio: Ibama suspeita de ação organizada por criminosos
Hipótese é a de que tenha havido uma espécie de ordem para o 'Dia do Fogo'; pelo menos duas pessoas foram presas por provocar queimadas
A concentração de ocorrências de queimadas em matas fluminenses num curto período de tempo faz o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspeitar de uma ordem no estado para o “Dia do Fogo”, termo usado em 2019 para denominar uma ação criminosa coordenada por fazendeiros que comandaram incêndios em florestas na Amazônia. “A gente ainda não pode chamar de atentado. Até agora, temos uma suspeita de ação organizada. Mas é preciso que haja investigação e confirmação. Passamos e vamos passar por chuva, mas vêm aí novos períodos de seca. Então, precisaremos ficar atentos”, disse ao jornal O Globo Carolina Esteves, superintendente substituta do Ibama-RJ.
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Na manhã desta terça (17), policiais Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e da 91ª DP (Valença), em conjunto com a Polícia Militar, prenderam Sebastião Cloves da Silva, de 61 anos, flagrado por câmeras de segurança ateando fogo no Monumento da Serra da Beleza, em Valença, no Sul do estado. Ele é acusado de provocar o incêndio que destruiu 2.700 hectares de vegetação na Área de Proteção Ambiental (APA). Sebastião estava numa motocicleta. No vídeo, ele aparece parando sua moto às margens da Rodovia RJ-143, na altura do km 52, e pondo fogo na mata. Na segunda (16), Um adolescente de 16 anos foi levado para a 106ª DP (Itaipava), acompanhado por seu pai. Ele admitiu ter sido o responsável por uma queimada na região de Pedro do Rio, em Petrópolis. Segundo informou o governador Cláudio Castro, em uma reunião com o Gabinete de Crise montado para acompanhar as queimadas, 20 pessoas estão sob suspeita.
Ainda não se sabe quais seriam as motivações para essa possível ação criminosa. Na terça (17), órgãos de proteção ambiental se reuniram na sede do Ibama para discutir o assunto. Estavam lá representantes de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Abin, ICMBio, Inea, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Foi acertada a criação de um grupo de trabalho para melhorar a comunicação entre os institutos e as forças de segurança. “Esse grupo pode melhorar a interlocução entre os órgãos para aprimorar as investigações e chegar a respostas. Também vai ter um grupo de acompanhamento para monitorar as áreas atingidas pelo fogo”, acrescentou a superintendente.
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O Corpo de Bombeiros já extinguiu mais de 1.425 incêndios florestais em todo o estado, desde a criação do Gabinete de Gestão de Crise, na última quinta (12). No início da tarde desta quarta (18), depois da frente fria que trouxe uma chuva fina após longo período de estiagem, havia dois focos ativos em combate.