Quarentena: buscas no Google por ‘divórcio virtual’ crescem 850% em 7 dias
"O confinamento fez com que os casais ficassem sufocados, as pessoas não estão se aguentando mais", diz a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins
O Google Brasil acaba de registrar uma “segunda onda” de pesquisas por informações sobre divórcio na internet durante a quarentena. Nos últimos sete dias, as buscas pelo termo “divórcio virtual” cresceram 850% em todo o país. É muita coisa mas, a julgar pelos números, o pico de insatisfação nos casamentos aconteceu nas duas últimas semanas de abril, quando houve um aumento de impressionantes 9900% (sim, quase dez mil por cento) nas buscas pelo termo “divórcio on-line gratuito”.
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A psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins não se surpreende com estes dados. “O confinamento fez com que os casais ficassem sufocados, as pessoas não estão se aguentando mais”, diz. A falta de respeito à individualidade do outro e a obrigatoriedade de se manterem sob o mesmo teto 24 horas por dia seriam, segundo Regina, fatores que acabariam por “matar de vez” qualquer resquício de desejo sexual – isso sem falar na perda da capacidade de socialização e na falta que faz o exercício do poder de sedução fora de casa. “Antes da pandemia, o casal saía para trabalhar fora, via amigos, seduzia outras pessoas… Agora acabou isso tudo. Virou uma coisa sufocante, o que só comprova a teoria de que no casamento é onde menos se faz sexo“.
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Os números de buscas virtuais pelo assunto, no entanto, ainda não se refletem, na prática, nos cartórios cariocas. Responsável pelo 17° Ofício de Notas, na Rua do Carmo (Centro), Carlos Firmo não viu um aumento significativo de casais que buscam se separar legalmente em sua jurisdição (para que o divórcio, mesmo on-line, seja efetivado, o cartório tem que ser acionado para uma videoconferência do casal com o tabelião). “É possível que as pessoas estejam sondando e pesquisando o assunto para resolver tudo quando acabar a quarentena. Vamos ver. De repente vem uma avalanche de processos quando a vida voltar ao normal”.