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Quarenta empresários de sucesso dão dicas para prosperar

Guilherme Benchimol, do Grupo XP, Jorge Paulo Lemann, Rony Meisler, Luciano Huck e mais revelam estratégias para se dar bem nos negócios (e na vida)

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 Maio 2018, 16h52 - Publicado em 11 Maio 2018, 16h50
A imagem mostra um monte de cédulas de dinheiro
Dinheiro esquecido: quem não sacar as quantias esquecidas terá 30 dias para recorrer  (Beatriz Albuquerque/Veja Rio)
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Um dos estados que mais sofrem com a crise econômica no Brasil, o Rio de Janeiro, abatido ainda pelo rombo fiscal nas contas públicas, assistiu a uma alta de 157% do desemprego entre 2014 e 2017. O último levantamento do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro revelou ainda que 21 000 estabelecimentos comerciais fecharam as portas no ano passado, 26% a mais que em 2016. Os índices assustam, sim, mas o Rio tem um futuro promissor pela frente, principalmente no campo do empreendedorismo. Segundo o Sebrae-RJ, as microempresas, que eram 283 851 em 2017, devem chegar a 324 721 até 2022. A projeção de crescimento das empresas de pequeno porte, com receita bruta superior a 360 000 reais, é igualmente favorável, com uma expansão estimada em 117,5% no mesmo período.

Um dos locais mais criativos do planeta, que deu de presente ao mundo a bossa nova, o Carnaval e o avião (Santos Dumont nasceu em Minas Gerais, mas morou durante anos no Rio), a cidade tem o dom natural para os negócios. Não à toa, a Oi escolheu Ipanema, no fim do ano passado, para implantar o Oito, hub de empreendedorismo e inovação que funciona como fábrica de ideias e incubadora de startups. Não existem fórmulas ou atalhos para o sucesso, mas VEJA RIO conversou com grandes empresários cariocas, de Guilherme Benchimol, do Grupo XP, a Rony Meisler, fundador da grife Reserva, a fim de pinçar dicas essenciais para alcançar resultados extraordinários na carreira (e na vida). Com a palavra, aqueles que mais entendem do assunto.

Jorge Paulo Lemann - dicas empreender
Jorge Paulo Lemann: o homem mais rico do Brasil (Webb Chappell/Divulgação)

1 – O atacante e o goleiro têm que jogar juntos. “Obstáculos e fracassos no meio do caminho nos ensinam e nos fazem crescer. Aos 26 anos, ao voltar de Harvard, eu me achava o máximo quando me juntei com sócios mais velhos e experientes e montamos uma financeira. Falimos em quatro anos porque todo mundo queria ir ao mercado vender, mas ninguém cuidava da administração da empresa. Em um time, o goleiro é tão importante quanto quem está fazendo gol.” Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, com fortuna estimada em 27,4 bilhões de dólares, em palestra a convite da Endeavor Brasil

2 – Experiência é a alma do negócio. “É preciso chamar a atenção do público. Desde a nossa época de estande na Babilônica Feira Hype, tentamos fazer isso. Fomos o primeiro boxe a contratar uma arquiteta para deixar aquele espaço, um cubículo de 40 metros quadrados, mais atraente. As vendas triplicaram, de imediato. Faça as coisas com capricho, e não de qualquer jeito.
A marca é experiência, comportamento, e não apenas o produto em si.” Marcelo Bastos, sócio-fundador da Farm, grife com 71 lojas e 1 400 funcionários

Marcelo Bastos - Farm - dicas - negócios - empreendedorismo - sucesso
Marcelo Bastos, da Farm: marca também é experiência (Anna Fischer/Veja Rio)

3 – A cultura da competência. “Começamos muito jovens, entre 23 e 25 anos, em um mercado no qual o ‘cabelo branco’ falava mais alto. Nossa estratégia para evoluir sempre foi pautada na capacitação da equipe. Dedique atenção especial à atração, retenção e valorização de pessoas. Desenvolva e preserve uma cultura em que elas consigam potencializar suas competências individuais, porém sem individualismo. E sirva sempre de exemplo, criando um ambiente meritocrático a partir de suas atitudes.” Renato Moulin, sócio-fundador da consultoria Visagio, que hoje atua em 25 países com faturamento de mais de 100 milhões de reais por ano

4 – Siga sua intuição. “A intenção era reformular a Bienal do Livro do Rio, atrair novos leitores, e tive a ideia de contratar artistas populares como garotos-propaganda, entre eles a turma do Casseta & Planeta. Todo mundo foi contra, dizendo que isso acabaria com a Bienal. Hoje, ela é o maior evento literário do país. Mesmo com riscos, o empreendedor tem de seguir sua intuição sem se preocupar muito com a opinião dos outros.” Arthur Repsold, presidente da GL Events no Brasil, presente em mais de vinte países

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5 – Dinheiro é consequência. “De Michelangelo pintando a Capela Sistina a Steve Jobs revolucionando os computadores pessoais, tudo é empreender. O que garanto é que nenhum deles tinha a grana como motivação inicial. O dinheiro é a consequência, jamais a causa. Os grandes empreendedores são e serão aqueles que conseguirem realizar ideias com impacto social exponencial. Negócios, sim, mas que melhorem a vida das pessoas de alguma forma.” Luciano Huck, apresentador de TV com participação em mais de vinte empresas

Luciano Huck - dicas empreendedorismo
Luciano Huck: invista no impacto social (TV Globo/Divulgação)

6 – Ousadia faz bem à saúde. “Li no jornal que a NBA estava prestes a abrir escritório no Brasil e ainda não havia encontrado
um diretor. Procurei o contato da pessoa responsável e, na cara de pau, mandei um e-mail contando minha história e dizendo que queria conversar. Dois dias depois, estava contratado. Nas primeiras semanas, não havia muito a ser feito. Nessas horas, não é possível se dar por satisfeito. Vá além. Comecei a estudar a empresa a fundo e aprender o que ela já fazia fora. Não demorou e logo conseguimos fechar uma parceria com a TV Globo.” Arnon de Mello, vice-presidente na América Latina da NBA, principal liga de basquete do mundo

7 – Deixe seu ego no lixo. “No nosso escritório temos uma placa próximo à porta que diz exatamente essa frase. Em 2015, perdemos o controle da nossa companhia para um fundo de investimento por causa disso, porque acreditávamos ser os melhores. Quando cremos cegamente nas nossas convicções, podemos pagar caro. Mas é inútil ficar chateado com os problemas. Aceite a realidade e encontre soluções. Nós não nascemos com a capacidade de tomar boas decisões, mas aprendemos a fazer isso.” João Ricardo Mendes, sócio-fundador do Hotel Urbano, plataforma que oferece quartos em 387 000 hotéis no Brasil e no exterior

8 – Uma equipe comprometida vale ouro. “Empreendedores precisam enxergar os clientes como chefes. Além disso, não devem buscar funcionários que trabalhem em um CNPJ, mas sim que atuem como sócios e compartilhem do mesmo propósito e valores naquela missão. Só assim o trabalho vira um sonho, uma causa. Isso é avassalador! Empresas sem alma podem até ganhar dinheiro por um tempo, mas dificilmente crescerão com excelência e deixarão um legado.” Felipe Mussalem, presidente da Casas Pedro, com 25 lojas na cidade e receita bruta de 225 milhões de reais estimada para 2018

9 – Qual é o seu propósito? “Fiz um curso em Harvard em que o case da Johnson & Johnson era estudado para mostrar a importância de estabelecer uma missão clara para as empresas. Existem muitos artigos e livros a respeito. Em seguida, desenvolva um modelo de negócio pensando no público que quer atingir. A nossa aposta foi tornar os livros mais acessíveis, tanto em relação aos preços como aos conteúdos e à distribuição, publicando um número menor de títulos por ano com tiragens iniciais mais altas.” Marcos Pereira, fundador da Editora Sextante, que vendeu 6,5 milhões de livros em 2017

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10 – Não coloque todos os ovos no mesmo cesto. “Quando os cinemas de rua começaram a fechar, o que nos salvou é que éramos os próprios donos dos imóveis, que passamos a alugar então para redes de academia, lojas de departamentos e por aí vai. Seu dinheiro não pode estar todo no negócio, porque, numa fase ruim, você precisa sobreviver e ter o seu capital. Tudo é cíclico. Diversifique o seu empreendimento.” Luiz Severiano Ribeiro, presidente do Kinoplex, que tem 264 salas de cinema espalhadas pelo Brasil

Roberto Medina - negócios - empreendedorismo - dicas - sucesso - carreira
Roberto Medina: cultivar o networking é essencial (Grupo Prisa/Divulgação)

11 – Quem tem amigo tem tudo. “No primeiro Rock in Rio, ninguém me conhecia, eu não tinha a menor credibilidade para contratar uma banda, mesmo com o dinheiro já levantado via patrocínio. Fui para os Estados Unidos, fiz setenta reuniões e recebi setenta nãos. Aí lembrei do Frank Sinatra. Eu tinha feito o maior show da vida dele no Maracanã e pedi ajuda. É preciso investir no networking, porque isso vale muito.” Roberto Medina, criador do Rock in Rio, que soma dezessete edições e movimentou 1,4 bilhão de reais na economia da cidade em 2017

12 – Invista em você. “Eu sou minha empresária há anos. É claro que eu preferiria entregar a carreira a um agente, mas ninguém vai se dedicar a mim do modo como eu mesma me dedico. Dou meu sangue. Tudo o que eu faço, cada passo, é planejado. Fui sozinha à Espanha conversar com empresários e produtores, fiz o mesmo nos Estados Unidos, e nunca deixo de pesquisar e estudar.” Anitta, eleita pela revista Forbes Brasil uma das 100 personalidades mais influentes do país

13 – Pequeno se vai longe. “Meu sócio e eu alugamos uma sala, compramos dez computadores usados em uma lan house e demos o pontapé inicial. Começando pequeno e trabalhando com os menores custos possíveis, você pode se permitir errar mais. Corrija os rumos do projeto enquanto ele ainda está leve. A maior parte das empresas quebra por se atrapalhar nesse processo.” Guilherme Benchimol, CEO do Grupo XP, com 600 000 clientes, seis escritórios em quatro países e receita de 2,1 bilhões de reais no ano passado

Guilherme Benchimol - Grupo XP - dicas - negócios - empreendedorismo - sucesso
Guilherme Benchimol, do Grupo XP: erre enquanto ainda é pequeno (Fabiano Accorsi/Divulgação)

14 – Bom humor é fundamental. “Mesmo nos momentos mais tensos, recomendo uma dose de bom humor. O clima organizacional é tudo. Eu cobro muito de todos os funcionários, mas sigo a linha ‘nice guy’ (cara legal) difundida pelo americano Samuel Walton (1918-1992) — fundador do WalMart, a maior rede de varejo do mundo —, de quem sou fã. Para Walton, era crucial trabalhar com pessoas que despertassem um grau de empatia tamanho que ele chegasse a ponto de querer convidá-las para jantar ou, pelo menos, tomar um café.” Pedro Thompson, CEO da Universidade Estácio de Sá, o maior grupo educacional do Rio e o segundo maior do país

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15 – Trabalhe a empatia. “O sucesso às vezes está no óbvio, não na ideia mirabolante. O carioca tem muito essa característica do olhar sempre atento. Por isso, a criatividade pode ser uma alavanca para tirar o Rio da recessão. Também é fundamental estabelecer diálogo com os vizinhos do seu negócio. Quando o museu abriu, convidamos 4 000 moradores da região para visitá-lo em primeira mão e distribuímos carteirinhas para eles entrarem quando quiserem. Essa fidelização só nos fortalece.” Ricardo Piquet, diretor-presidente do Museu do Amanhã, o mais visitado do país

16 – Juros sobre juros matam. “Comecei com poucos recursos, sem me endividar. Recomendo, aliás, aos empreendedores iniciantes que avaliem bem os juros praticados pelos bancos antes de decidir pela busca de financiamento. Juros sobre juros matam! Também aprendi, desde cedo, sobre a importância de uma boa equipe. Quem me conhece sabe de uma frase que sempre repeti como um mantra: ‘Quem vê tudo não vê nada’.” Rogério Zylbersztajn, vice-presidente da RJZ Cyrela, que vendeu 3,2 bilhões de reais em imóveis no ano passado

17 – O pequeno faz diferença. “Eu nunca estive na área principal da empresa, mas consegui entender desde cedo que empreendedorismo é fazer com que aquilo que parece pequeno ganhe relevância e escala dentro do negócio. Eu também gosto de misturar a vida em família com o trabalho. Em geral, as pessoas são muito rígidas nessa separação. Levo meus filhos ao escritório algumas vezes e tudo bem quando preciso trabalhar em casa.” Adriana Knackfuss, vice-presidente de transformação digital da Coca-Cola

18 – Troque experiências. “A teoria é bacana, mas o empreendedor aprende bastante com as histórias da vida real. Encontros  e palestras abrem muito a cabeça. Eu, por exemplo, passei a investir mais no on-line depois que um jovem de 25 anos da área de tecnologia me atentou para isso. A troca de experiência com outros empresários é muito sadia.” Alex Buchheim, diretor-geral da Limppano, que exporta para países como Paraguai, Uruguai, Peru e México

19 – A capacitação abre portas. “Descubra como você pode contribuir, através do seu talento, para causar um impacto positivo na comunidade em que vive. Cada um, à sua maneira, é capaz de fazer uma cidade melhor. A educação também sempre abriu portas para mim. Fui bolsista por bom desempenho desde a escola, na faculdade, depois em intercâmbio e em pós-graduação, e essa busca por capacitação é o que nos prepara para abraçarmos oportunidades.” Marina Fontoura, CEO da Cultura Inglesa, curso de idiomas com 60 000 alunos e 79 unidades em cinco estados

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20 – Adaptações são necessárias. “Quando a crise veio, percebi que a ArtRio estava grande demais para aquele contexto, e fomos perdendo galeristas estrangeiros. Então, nós nos mudamos para um local menor e mais barato e focamos apenas os artistas nacionais. Foi um sucesso. Portanto, não entre em pânico. Adapte-se e lembre que a sorte só vem para quem trabalha duro. O próprio Pelé costumava dizer que, quanto mais ele treinava, mais sorte tinha.” Brenda Valansi, sócia-fundadora da ArtRio, que já recebeu 370 000 pessoas em sete edições

21 – Aproveite as oportunidades. “Certa vez, usamos as imagens de um assalto a uma de nossas lojas, captadas pelas câmeras de segurança, como campanha publicitária. Foi um sucesso. A chamada era: ‘Corra, porque tem gente fazendo loucuras pela Reserva!’. Para aproveitar essas oportunidades, é preciso pôr as ideias rapidamente de pé. Costumo dizer que a execução é muito mais importante que a ideação.” Rony Meisler, fundador do Grupo Reserva, que faturou 338 milhões de reais em 2017

Vó Alzira - dicas - negócios - empreendedorismo - sucesso
Alzira Ramos, a Vó Alzira: controle de caixa apesar das tentações (Berg Silva/Divulgação)

22 – Reinvista no negócio. “Aos 60 anos, eu me vi desempregada e com problemas financeiros. Fui direto ao que gostava de fazer: os bolos, que sempre bati a mão. Isso faz toda a diferença. Forme uma equipe com pessoas de sua total confiança, tenha um bom ‘braço-direito’ e, para ir longe, não caia na tentação de retirar o lucro do caixa logo na primeira chance, mesmo que esteja precisando. Reinvista no negócio.” Alzira Ramos, dona da Fábrica de Bolo Vó Alzira, que faturou 150 milhões de reais em 2017 e tem 220 franquias espalhadas pelo Brasil

23 – Um degrau de cada vez. “O talento é importante, mas é apenas 10%. O resto é esforço, estudo, dedicação, paciência. O crescimento profissional é lento, não adianta querer correr. Suba um degrau por vez, sempre se aperfeiçoando. Defina metas, escolha profissionais-modelo que você admira e espelhe-se neles para chegar lá. Estudar é hábito. Hoje, tenho mais prazer nisso do que em ir ao cinema. O entusiasmo e o comprometimento com o trabalho fazem toda a diferença.” Paulo Niemeyer Filho, neurocirurgião e diretor-médico do Instituto Estadual do Cérebro

24 – O cliente é seu melhor amigo. “Passamos anos vendendo muito pouco, mas a gente sabia que o mercado da saúde ia deslanchar no Brasil em algum momento. Quando isso aconteceu, já havíamos estabelecido com o consumidor um relacionamento descomplicado e simpático, sem SAC automático. A relação com os clientes nunca deve ser padronizada, senão ela fica vazia. Aqui na empresa já ajudamos até um cara a voltar com a ex-namorada, e eles se casaram. Trate o seu cliente como você trata o seu melhor amigo.” Marcos Leta, fundador da Do Bem, presente em mais de 30 000 pontos de venda no Brasil, Espanha, França, Portugal e Japão

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25 – Família, família, negócios à parte. “Nos primeiros anos, cerca de quarenta pessoas do nosso círculo familiar chegaram a trabalhar no negócio. Minha dica número 1: separe o que é família do que é empresa. No trabalho são todos profissionais, e não parentes — já fomos obrigados a demitir filhos, primos, sobrinhos, cunhados. Investir na padronização dos processos e do atendimento também é fundamental, desde a organização das filas por senhas até o mobiliário e a decoração das lojas. O padrão ajuda com a expansão do negócio.” Heloísa ‘Zica’ Assis, fundadora do Beleza Natural, rede de 39 salões especializados em cabelos cacheados

Heloísa Zica Assis - dicas - carreira - sucesso - empreendedorismo - Beleza Natural
Heloísa ‘Zica’ Assis: não miusture família com os negócios (Gustavo Andrade/Acervo Abril)

26 – Novas experiências abrem a cabeça. “Saí do Rio pela primeira vez aos 7 anos, quando fui morar em Manaus. Acho que essa foi a primeira vez que olhei ‘para fora’: pessoas, sotaques, valores e maneiras diferentes de resolver as coisas. Carreguei essa experiência para o que viveria dali para a frente. A mudança nos torna mais versáteis e adaptáveis a novas situações. Quer se manter atual? Saia do seu mundinho e vá conversar com os jovens, visite a Campus Party, contrate startups em vez de empresas tradicionais.” Marcelo Nóbrega, diretor de recursos humanos do McDonald’s Brasil

27 – Pergunte-se: quais são as necessidades do mercado? “Empreender no Brasil é como um jogo de videogame: ou morremos ou passamos de fase. Antes de qualquer coisa, é necessário ter paixão e estudar a fundo quais são as necessidades do mercado e onde há espaço para inovar. Esse ‘raio-x’ precisa ser constante, pois um nicho observado no começo do negócio pode ficar no passado em pouco tempo.” Bianca Laufer, fundadora da Greenpeople, que produz 20 000 sucos prensados 100% naturais por dia e triplicou o número de pontos de venda de 2016 para 2017

28 – Todo dia é dia de recomeçar. “Eficácia e inovação são o segredo para um produto de sucesso. Até hoje viajo cinco vezes por ano, com minha equipe de pesquisa e desenvolvimento, em busca do que há de mais novo em tecnologia, em ativos
e em técnicas de produção. Além disso, continuo visitando dermatologistas pessoalmente mesmo 25 anos após a criação da marca. O bom empreendedor é aquele que recomeça todo dia.” Lisabeth Braun, dona da Dermage, marca de cosméticos com sessenta lojas no Brasil e presente em mais de 4 000 farmácias

29 – Inove, sim, mas com originalidade. “Já vi muitos concorrentes copiando novas ideias de marcas estrangeiras, mas para inovar é preciso esquecer os modismos. É importante pensar em algo que vai funcionar no futuro, que será necessário na vida das pessoas e que não vai ser esquecido quando a moda passar.” Christopher Freeman, presidente da Granado, com 59 lojas no Brasil e 450 milhões de reais de faturamento líquido em 2017

30 – O impossível pode ser possível. “Aposte nos grandes desafios. Em geral, os empreendedores fogem dos embates complexos, mas os mais importantes são justamente esses que ninguém quer assumir. Foi o caso do financiamento coletivo para trazer a exposição Queermuseu ao Rio. Quando alguém quebra barreiras e torna viável o impossível, há uma mudança de paradigma. Isso é potência de transformação. E quem faz isso acaba ganhando reconhecimento.” Fábio Szwarcwald, diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e responsável por capitanear o maior crowdfunding do Brasil

31 – É o olho do dono que engorda o gado. “Falta de dinheiro não é desculpa para desistir. Saiba vender sua história e atrair parceiros. Se seu sonho tiver clareza, transparência e propósito, você conseguirá crédito na praça. Trabalhe muito, durma tarde e acorde cedo. O patrão nunca pode ficar longe do negócio, é o olho dele que engorda o boi.” Leandro Pinto, presidente
do Grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América do Sul e o 12º do mundo

Flávio Augusto Silva - Wise-up - dicas - negócios - empreendedorismo - sucesso
Flávio Augusto da Silva: o bom vendedor (Fabiano Accorsi/Veja Rio)

32 – Aprenda a vender. “Se não souber, tenha um sócio que saiba. A configuração ideal para começar uma empresa é com
um sócio com habilidades de venda e outro expert em gestão. Com a baixa oferta de crédito para pequenos empreendimentos, saber vender é ainda mais importante para aqueles que estão dando os seus primeiros passos. Se eu não tivesse essa expertise, entraria para as estatísticas das empresas que quebram no primeiro ano.” Flávio Augusto da Silva, fundador da Wise-Up, rede de escolas de inglês, e dono do time de futebol Orlando City Soccer, nos Estados Unidos

33 – O componente da determinação. “Toda instituição de sucesso tem o componente da determinação no DNA. Ele não existe sem trabalho intenso, compromisso com uma causa comum, foco absoluto no resultado, uma disciplina férrea nos processos e controles, bem como alguma dose de talento. Alimente um sentimento saudável de inconformismo para buscar o aperfeiçoamento constante. Outro ponto, e talvez o mais relevante, é a presença de um líder inspirador e competente capaz de construir verdadeiros times.” Bernardinho, técnico de vôlei que conquistou seis medalhas olímpicas consecutivas 

Bernardinho - dicas negócios - empreendedorismo - liderança
Bernardinho: determinação e liderança (Marcelo Correa/Veja.com)

34 – Recomeçar não é vergonha. “Aos 18 anos, eu já acumulava três falências — a última foi a da minha empresa de telemensagens. Mas, como eu sempre li muito, sabia que todos os grandes empreendedores tinham um ponto em comum: eles foram à falência diversas vezes antes de emplacar o grande projeto de sua vida. Recomeçar e reaprender não é vergonha.” Felipe Neto, youtubercom mais de 20 milhões de inscritos em seu canal

35 – É preciso ser humilde para ouvir. “O segredo está no somatório dos seguintes pontos: focar pessoas, ter bom-senso e a humildade de saber ouvir, principalmente. O melhor modelo de gestão é aquele em que as melhores ideias conseguem prosperar, independentemente de quem as dê. É preciso também estar confortável com o fracasso e o risco. Tropeços fazem parte da jornada de todo empreendedor e saber se levantar após as derrotas é fundamental.” Pedro de Godoy Bueno, CEO
do Grupo Dasa, dono de laboratórios como Bronstein, Sérgio Franco e Lâmina

36 – O poder do pensamento positivo “Cultive sempre o otimismo. Meu pai quebrou, perdeu tudo, mas nunca reclamou. Então eu aprendi a não reclamar também. A prefeitura e o governo não estão ajudando nem fazendo nada? Arregace as mangas e faça você. Junte-se com um grupo de empresários, de amigos e vá mudando o que você pode.” Pedro Salomão, dono da Rádio Ibiza e autor do livro Empreendendo Felicidade

37 – Descubra a sua vocação. “Uma dica é pensar no que o motiva desde pequeno. Pratiquei esportes a vida inteira, por exemplo. Eu sempre quis emocionar através do entretenimento e do esporte, porque acredito que a emoção torna o ser humano melhor. Estudar o mercado é outro ponto essencial, não podemos nunca parar de aprender. É claro que com garra
o empreendedor pode ir longe, mas ele fará movimentos mais corretos se tiver envolvimento com a academia.” Duda Magalhães, sócio da Dream Factory, responsável por eventos como o Carnaval de Rua e a Maratona do Rio

38 – A segmentação pode ser o pulo do gato. “Aos 19 anos, fiz curso de cabeleireira e consegui abrir meu primeiro salão junto com o meu namorado, hoje marido. Quebramos quando tentamos expandir. Com o salão quebrado, detectamos a possibilidade de nos especializar em sobrancelhas e esse foi o nosso pulo do gato, a segmentação. Como não havia profissionais formadas para isso, criamos a nossa própria mão de obra. Não hesite em fazê-lo.” Jane Muniz, do Spa das Sobrancelhas, com 400 lojas no Brasil e faturamento de 90 milhões de reais no ano passado

39 – Saiba fazer até o que você não gosta. “Comecei a trabalhar aos 17 anos no CasaShopping, antes mesmo de entrar para a faculdade de administração. A empresa foi fundada pelo meu pai, que foi sempre muito exigente comigo. Ele dizia que nada substitui o trabalho, e que a diferença de uma pessoa para outra é a vontade de fazer. Passei por todas as áreas para aprender e ganhar uma visão global do negócio. Como empreendedor, você precisa aprender mesmo aquilo de que não gosta tanto.” Flávia Marcolini, diretora do CasaShopping, o maior centro comercial de decoração da América Latina

40 – Cumpra a sua palavra. “Cheguei ao Rio há quarenta anos, sem recursos, e comecei a vender botões. Abri uma lojinha no Centro, região hoje conhecida como Saara. Como eu não tinha dinheiro nem fiador, a proprietária do imóvel fez um contrato temporário de três meses. Se eu pagasse em dia, ela estenderia sua duração. Fiz o negócio ‘no fio do bigode’, e acredito que a palavra vale mais do que qualquer documento. Continuo acreditando piamente nisso. A nossa palavra é a nossa maior garantia.” Marco Antônio Castro, sócio-fundador da Caçula, com 21 lojas no Rio e 2 000 funcionários

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