Como quadrilha de garotos de programa selecionava vítimas pela internet
Seis vítimas já registraram boletins de ocorrência contra Pedro Dominador e seu grupo; suspeitos lucraram cerca de R$ 200 mil com chantagens
Uma quadrilha de garotos de programa extorquia e ameaçava clientes após pesquisar informações das vítimas pela internet para chantagear e extorquir dinheiro delas. Investigações da polícia apontam que a quadrilha era liderada por Fábio dos Santos Pita Júnior, de 26 anos, conhecido como Pedro Dominador, preso em casa, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na última quinta (6). Ele utilizava um banco de dados feito a partir de buscas abertas em ferramentas de pesquisa.
+ Em operação na Maré, polícia apreende até submetralhadora antiaérea
Até agora, seis ex-clientes registraram boletins de ocorrência contra Pedro Dominador e seu grupo. Estima-se que os suspeitos lucraram cerca de R$ 200 mil com as extorsões. Os suspeitos estão sendo investigados por lavagem de dinheiro. Todos tiveram a prisão mantida pela Justiça no último sábado (8).
Após realizar programa com o cliente, o garoto de programa pedia que o pagamento fosse feito através de PIX. Com os dados da vítima, a quadrilha levantava informações pessoais como endereço, nome de familiares e telefones, e passava chantageá-las. Eles também se valiam das redes sociais das vítimas, com informações de locais de trabalho, relacionamentos e parentes próximos, para atuarem. Em muitos dos casos, os ex-clientes eram homens casados que queriam sigilo nos encontros amorosos. Os suspeitos pagavam para ter acesso a essa base de dados, que costuma ser vendida no mercado.
+ Com ultraprocessados barrados, pode salsichão na festa junina da escola?
Segundo o jornal O Dia, o grupo chegou a extorquir mais de R$ 71 mil de uma pessoa que contratou os serviços sexuais de um dos criminosos, através de um site de relacionamentos. Dias após o encontro, o suspeito entrou em contato com o cliente e perguntou se ela poderia lhe emprestar dinheiro. Com não respondeu, a vítima recebeu mensagens de um número de telefone desconhecido com imagens contendo dados pessoais, como seu endereço e o nome da empresa de seu pai. Ele também recebeu uma ligação, na qual foi acusado de pedofilia, uma vez que Fabio seria, supostamente, menor de idade, além de ter sido ameaçado de ter sua sexualidade revelada aos seus pais, fato que era desconhecido por eles. Na ocasião, a vítima transferiu R$ 2 mil para a conta bancária de outro denunciado, João Fernandes Nunes. Porém, pouco depois, um novo número entrou em contato, enviando um vídeo da fachada de sua casa e novas ameaças de expor sua sexualidade. Assustada, a vítima realizou diversas outras transferências bancárias para as contas de Fabio, João e dos outros três denunciados, Cynara Ferreira da Silva, Ronaldo da Silva Gonçalves e Carlos Henrique da Silva Paixão, totalizando R$ 71.770,40.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
A prisão de Fábio,Cynara, Carlos Henrique e Ronaldo foi realizada por agentes da 21ª DP (Bonsucesso). Em outro caso, um executivo de uma multinacional, casado e pai, que havia feito um programa com Dominador, foi chantageado, teve seus dados vazados e, para não ser exposto, pagou R$ 37 mil a quadrilha. Com medo e vergonha, o homem deixou o país e foi morar na Europa com a família. Ao prender Pedro Dominador, os investigadores encontraram um simulacro de pistola que, de acordo com as investigações, era usada para intimidar as vítimas.