Protestos frequentes são o único sinal de vida na UERJ
A instituição está paralisada por longa agonia provocada pela falência do governo fluminense
Com matéria de uma página, publicada em novembro de 2015, antiga edição de VEJA RIO denunciava a suspensão, por problemas de caixa no governo fluminense, das aulas na Uerj. Pouco mais de seis meses depois, em junho de 2016, a situação periclitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro foi parar na capa da revista, em reportagem com o seguinte subtítulo: “Reconhecida pela excelência acadêmica e pioneira na adoção do sistema de cotas no Rio, a universidade luta para sobreviver à pior crise desde sua criação, em 1950”. Como, ao longo de mais de um ano, muito pouco foi feito para evitar o desastre, instalou-se o caos. Após um abraço em forma de passeata, no dia 19, alunos e funcionários fizeram novo protesto contra cortes de verbas e atrasos nos pagamentos de salários e bolsas na segunda (23): um decreto de luto, que espalhou cartazes com informações sobre projetos paralisados, cruzes e coroas de flores por várias partes do câmpus. De tão habituais, manifestações como essa correm o risco de se tornar banais. Vale a pena, portanto, lembrar o que está em jogo. Na crise que draga o estado, um tipo de insolvência resultante de má administração combinada a ladroagem, foram prejudicadas as atividades de uma instituição que abriga 35 000 alunos de graduação, 4 000 estudantes de mestrado e doutorado e, no Colégio de Aplicação da Uerj, 1 100 matriculados nos ensinos médio e fundamental. Parte dessa estrutura, o Hospital Universitário Pedro Ernesto é (ou era) responsável por mais de 180 000 consultas e 10 000 internações anuais. Em avaliação do ensino superior do Brasil promovida pelo jornal Folha de S.Paulo desde 2012, a Uerj apareceu, no ano passado, em 13º lugar, entre 195 universidades. Podem-se debater, em hora e local adequados, o futuro do ensino público e gratuito, uma aplicação mais adequada do orçamento anual de 1,1 bilhão de reais da Uerj (que teve apenas 76% repassados pelo estado em 2016) e até mesmo por que time torcem os manifestantes. Agora, no entanto, a questão mais urgente é a seguinte: vai ficar assim?