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Projeto social oferece aulas de música a crianças carentes

A Orquestra de Cordas da Grota atende quase mil crianças em Niterói, Maricá, Itaboraí, São Gonçalo e Friburgo

Por Heloíza Gomes
16 nov 2017, 19h28
Rio de Janeiro, RJ, 02/11/2017: CN10: Marcio Salles. (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Na década de 80, o músico Márcio Selles viu a mãe, a professora Otavia Paes Selles, criar um lugar para atender crianças da comunidade da Grota do Surucucu, em Niterói. Lá, ela montou uma biblioteca e cultivou uma horta. Entre as atividades, distribuía lanches aos pequenos. O músico acompanhava de longe e via com reservas a iniciativa, que acreditava ser muito assistencialista. Sua opinião mudou em 1994, quando ele foi convocado a dar aulas de flauta à garotada. “Minha mulher disse: ‘Pelo menos sua mãe faz alguma coisa’. Aí, eu fui. No começo, eram só quatro alunos, mas, rapidamente, a turma chegou a doze. E acabei formando uma orquestra de seis instrumentos”, relembra.
A partir daí, Selles nunca mais se afastou do projeto. Batizada de Orquestra de Cordas da Grota, a iniciativa oferece sessenta vagas por ano à meninada e conta com 22 instrutores e cerca de vinte voluntários em dezoito núcleos espalhados por Niterói, Maricá, Itaboraí, São Gonçalo e Friburgo que atendem, gratuitamente, quase 1 000 crianças carentes, com idade a partir de 7 anos. “A coisa começou a crescer em 2001, quando participamos do Festival Villa­-Lobos e um cineasta, impressionado, decidiu dar uma bolsa de 80 reais mensais aos seis integrantes, o que atraiu mais jovens”, recorda o músico, resguardando o nome do benfeitor, que prefere não divulgar a boa ação. Para melhorar, um ano depois, ele “herdou”, como diz, a ONG Reciclarte de uma amiga. “Aí passamos a nos inscrever em editais que ofereciam patrocínio. Com o dinheiro, conseguimos comprar instrumentos e atender fora da Grota”, conta.
O curso criado por Selles tem duração de quatro anos. Começa com aulas de flauta doce e, depois, de viola, violoncelo, contrabaixo e flauta transversal. “Para quem quer ser instrutor, temos um programa de aperfeiçoamento que dura outros três anos”, diz o músico, feliz em ver que muitos dos pupilos, hoje, se tornaram profissionais no Brasil e no exterior. “Muitas famílias eram resistentes, porque achavam que músico não era profissão. Mas tudo é possível construir, basta oferecer oportunidades às pessoas”, acredita Selles, que, junto com os alunos, se apresenta em escolas, em teatros e nas ruas.

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