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Projeto refloresta área de 100 hectares próximo ao rio Guapiaçu

Projeto promove o replantio de 166 000 mudas de 209 espécies nativas da Mata Atlântica em Cachoeiras de Macacu

Por Pedro Moraes
Atualizado em 2 jun 2017, 12h17 - Publicado em 1 jan 2016, 00h00
Projeto Guapiaçu Nicholas Locke
Projeto Guapiaçu Nicholas Locke (Felipe Fittipaldi/)
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Um caderno amarelado pelo tempo traz em suas páginas o registro do corte de árvores nativas da Mata Atlântica. Cedro, pau-brasil, jequitibá e angelim estão na lista das espécies retiradas das proximidades do Rio Guapiaçu, no município fluminense de Cachoeiras de Macacu. Isso aconteceu no início do século XVIII. Agora, elas voltam a cobrir o solo daquela região graças a um projeto de restauro florestal. Promovida pela ONG Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), a iniciativa já tem resultados perceptíveis. Ao longo de dois anos, o trabalho conseguiu devolver a cobertura verde a 100 hectares, o equivalente a 100 campos de futebol. Para isso, foram gastos pouco mais de 3 milhões de reais, um investimento do programa Petrobras Socioambiental, que financiou o replantio de 166 000 mudas de 209 espécies. Tudo foi feito com mão de obra local. “Ex-caçadores passaram a plantar. Tão necessário quanto reflorestar é mudar a cultura das pessoas”, acredita a veterinária Gabriela Viana, gerente do projeto.

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O processo de restauro florestal empreendido pela Regua começou com a coleta de sementes e a produção de mudas. Com isso, cerca de 85% do que foi plantado saiu da própria ONG e passou a ocupar as áreas no entorno do Parque Estadual Três Picos. Ali foram feitos corredores ecológicos, uma espécie de conexão com partes da floresta que permaneciam preservadas mas estavam isoladas entre si. Dessa forma, foi possível recompor a cobertura vegetal das margens dos rios e o habitat de diversas espécies de animais. Entretanto, a estiagem dos últimos meses tornou-se uma ameaça ao programa. Para contornar o problema, a ONG adotou uma técnica que consistia em aplicar hidrogel na base das mudas. A substância mantém a hidratação e ajuda a reter a água nas raízes. Entre as primeiras espécies plantadas estão o ingá, o pau-ferro e os ipês, que crescem rápido e favorecem a eliminação de espécies oportunistas, como o capim. Só então foram inseridas outras variedades, principalmente aquelas que necessitavam da sombra para crescer.

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A história da Reserva Ecológica de Guapiaçu envolve um complexo enredo protagonizado pelo presidente e fundador da ONG, o inglês Nicholas Locke, de 55 anos. As terras chegaram às mãos de seu bisavô, Hilmar Werner, por meio de uma transação comercial, em 1907. Dono de uma fábrica de tecidos, ele recebeu a propriedade como parte do pagamento de uma dívida. Em visita às terras, em 1979, Locke se apaixonou pelo local. Voltou à Inglaterra e decidiu estudar gestão agrícola com o objetivo de cuidar dos negócios da família no Brasil. A ideia da reserva surgiu em 1996, depois que um amigo, ornitólogo, o alertou de que a região era rica em espécies de aves e precisava ser preservada. Cinco anos depois, a ONG tomou forma, com o investimento de um grupo de amigos britânicos. Ao todo, a área de preservação abrange 7 000 hectares. “Desde criança, a floresta era uma coisa mágica para mim. Depois que passei a plantar árvores, descobri que podia ser também um prazer enorme”, diz Locke, morador de Cachoeiras de Macacu.

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O Estado do Rio de Janeiro detém hoje 4,6% da cobertura de Mata Atlântica remanescente no Brasil e alcançou a marca de desmatamento zero. Isso significa que a perda anual é inferior a 100 hectares. Segundo a SOS Mata Atlântica, o estado mantém 30,7% (aproximadamente 1,3 milhão de hectares) da sua cobertura nativa. Só na capital, a área é de 34 803 hectares, grande parte dela na Floresta da Tijuca. No entanto, uma das regiões mais importantes está localizada na Costa Verde, nos arredores de Angra dos Reis e Paraty. A variedade de espécies é tanta que muitas plantas são encontradas somente ali. “Iniciativas como essa de Guapiaçu são fundamentais porque envolvem preservação e desenvolvimento regional”, afirma Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica. Sem dúvida, um exemplo a ser seguido.

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