Carroças de luxo
Lindos e caros, jipes da Land Rover pifam na rua e irritam seus proprietários
A pessoa trabalha, poupa e, enfim, compra o carro dos sonhos por quase 200?000 reais. A última coisa que quer é ter problemas pela frente. Mas o que vem acontecendo com um grupo de proprietários cariocas de automóveis Land Rover desafia a lógica do “quanto mais caro, melhor”. Dores de cabeça e processos jurídicos estão virando rotina para um punhado de motoristas – quer dizer, não exatamente motoristas, já que no momento seus carrões estão numa oficina ou repousam imponentes num canto escuro da garagem. Adquirido em 2008, o utilitário esportivo modelo HSE do consultor de empresas Carlos Vaisman já o deixou 21 vezes a pé. A chateação começa quando uma luz amarela se acende no painel. Daí em diante, o acelerador não funciona mais. Como há um ano e meio o possante está sem uso, Vaisman processa a concessionária que lhe vendeu o veículo, importado da Inglaterra, país onde a marca é um símbolo tão forte que até a rainha Elizabeth II chegou a aparecer como sua garota-propaganda.
Atualmente nas mãos do conglomerado industrial indiano Tata, a Land Rover não vive mesmo uma boa fase. A empresa acaba de anunciar um recall, aquela convocação de proprietários para troca de peças que, se por um lado demonstra preocupação com a segurança dos clientes, por outro gera desgaste de imagem. O motivo foi um defeito no suporte de fixação dos cintos do modelo Defender 2011. Desde 2002, esta é a oitava vez que donos de Land Rover são convidados a voltar às oficinas das concessionárias. Comparando-se com outros concorrentes, o retrospecto não é bom: no mesmo período, a BMW e a Audi tiveram seis chamados, e a Mercedes-Benz enfrentou quatro.
Em se tratando de uma marca cercada de exclusividade, a pequena rede de cinco lojas autorizadas no estado até se justifica. Porém, na hora de resolver falhas mecânicas, a situação fica difícil. O advogado José Carlos Rodrigues entrou com um processo contra a Land Rover ao lado de outros quatro consumidores por causa de uma pane do sistema GPS dos carros. Todos tiveram de esperar vários meses pelo reparo. O responsável pelos assuntos jurídicos da concessionária Land Rio, Roberto Donato, assim se defende: “O público que compra este tipo de veículo não está acostumado a ter problemas, por isso reclama de qualquer demora ou imprevisto”. Procurada por VEJA RIO, a Land Rover do Brasil, em São Paulo, se limitou a emitir um comunicado oficial no qual afirma que “não se pronuncia publicamente enquanto aguarda as decisões das instâncias legais”. Até lá, haja garagem.