Vai dar tempo? Prefeitura quer trocar todos os ônibus até 2028
Município antecipa licitação das linhas, como parte de acordo judicial firmado com MPRJ e os consórcios que operam na cidade

A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, na manhã desta quarta (28), detalhes sobre a antecipação da nova licitação do sistema de ônibus da cidade. O processo estava previsto para acontecer apenas em 2028, mas começa este ano. Ele prevê que todos os veículos que rodam na cidade sejam trocados e que a frota aumente em 25%. A licitação vai ocorrer em quatro fases e começar pela Zona Oeste, por ter o serviço que é considerado menos eficiente e com necessidade de mudanças mais urgentes. Cada fase prevê uma etapa de transição, na qual os operadores atuais perdem a exclusividade, e, ao final, assume um novo operador.
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A ação faz parte do acordo judicial firmado em 30 de abril entre a prefeitura, o Ministério Público Estadual e os quatro consórcios responsáveis pela operação das linhas de ônibus no município. O contrato com os consórcios de ônibus foi estabelecido em 2010 e estava previsto, inicialmente, para durar até 2030.
“Este é o ponto de virada mais importante da história da mobilidade na cidade do Rio, talvez até mais importante do que o próprio BRT. Estamos falando de um sistema que opera há 60, 70 anos de forma precária e que agora começa a ser transformado com transporte digno e decente. É uma mudança que não vai acontecer da noite para o dia, mas que já tem um cronograma definido e começará a ser percebida a partir do ano que vem”, afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Hoje, 2,8 milhões de pessoas por dia rodam em 4 mil coletivos, que atendem 89% da população carioca. Atualmente, a cidade é atendida por quatro consórcios: Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz. O novo modelo prevê a divisão da cidade em 31 lotes — 22 estruturais e 9 locais. Os lotes estruturais atenderão diferentes regiões da cidade, enquanto os lotes locais serão focados em deslocamentos dentro de bairros ou entre bairros vizinhos. A nova configuração busca ampliar a cobertura e tornar a gestão das linhas mais eficiente.
A primeira fase vai até abril de 2026, abrangendo as linhas de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste. Em Campo Grande, o número de ônibus que ligam o bairro com as demais regiões da cidade passará de 95 para cerca de 180. Já os ônibus que fazem a ligação local entre os bairros da região terão aumento de 37 para cerca de 200 ônibus. Em Santa Cruz, a frota que realiza os trajetos locais vai aumentar de 67 para cerca de 330 ônibus. As fases seguintes serão organizadas por regiões, priorizando as áreas com o pior desempenho operacional.
O cronograma completo prevê:
Fase 1: até abril/2026 (Campo Grande e Santa Cruz)
Fase 2: novembro/2025 a setembro/2026 (Zona Oeste, Vila Isabel e Ilha do Governador)
Fase 3: abril/2026 a abril/2027 (Zona Oeste, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Zona Norte)
Fase 4: novembro/2026 a novembro/2027 (Zona Oeste, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Zona Norte)
Fase final: setembro/2027 a agosto/2028 (Zona Sul e linhas das demais regiões com bom índice de avaliação do serviço)
Segundo a prefeitura, a qualidade da operação será medida trimestralmente por meio do Índice de Qualidade do Transporte (IQT). O indicador leva em consideração dados como infrações disciplinares, atendimento, satisfação dos passageiros, idade média da frota, presença de ar-condicionado, regularidade das viagens e operação sem penalidades. Linhas operadas por empresas com IQT inferior a 0,8 perderão o direito de exclusividade, podendo ser transferidas para novos operadores ou geridas diretamente pela Prefeitura.
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Nos próximos três anos, 5 mil ônibus devem ser trocados pelos novos modelos. A prefeitura estabeleceu novos parâmetros para a frota. Todos os ônibus deverão ser novos, equipados com ar-condicionado, piso baixo, rampa de acessibilidade, tecnologia sustentável e três portas — uma para embarque frontal e duas para desembarque, no meio e na traseira. “A gente também vai ter uma nova identidade visual, para a cidade inteira. Será o ônibus da cidade do Rio de Janeiro”, disse a secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio. Esses veículos passarão a ser considerados bens públicos ao final dos contratos. Os valores referentes às glosas de subsídio, que somam mais de R$ 100 milhões, serão destinados à compra de novos ônibus que já seguem essas especificações definidas. Esses veículos irão reforçar a frota atual e permanecerão no sistema após o encerramento das concessões.