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Mais de um século de diversão

Praça Saens Peña completa 101 anos nesta segunda (30). Relembre as melhores histórias, veja o que deixou saudade, o que ainda está por vir e concorra a prêmios declarando seu amor pela Tijuca

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h34 - Publicado em 24 abr 2012, 13h22
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saens_pena_foto.jpg (Redação Veja rio/Veja Rio)
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Há 101 anos, nascia uma praça que (vejam só) foi batizada com o nome de um presidente argentino, Roque Saens Peña. Eram tempos de política da boa vizinhança com os hermanos. Conhecida como a segunda Cinelândia carioca e localizada no que se tornaria o coração da Tijuca, ela chegou a abrigar doze salas de cinema nos anos 70, dois a mais que o Centro. Entre elas, a de 3 650 lugares do saudoso Cine Olinda – o maior da América Latina à época. Hoje, não há mais exibições de filmes por ali. Lojas típicas como o Café Palheta, onde se costumava lanchar após as sessões, também desapareceram dando lugar a farmácias, óticas, edifícios comerciais e igrejas. Neste aniversário, relembre momentos históricos, veja o que deixou saudade e saiba que melhorias estão por vir na praça. Responda ainda à pergunta “Por que você tem orgulho de ser tijucano?” e concorra a ingressos de cinema.

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Antes de ser praça, a Saens Peña foi um largo. Ela surgiu do encontro da atual Rua Conde de Bonfim com a Desembargador Isidro, o que explica seu formato triangular. No início do século 19, havia no local apenas a Fábrica das Chitas, que estampava tecidos indianos, e uma indústria de papel. Segundo a historiadora Lili Rose Oliveira, autora do livro 100 Anos da Praça Saens Peña, moravam em seu entorno nobres como o Barão de Mesquita, o Conde de Bonfim e o Desembargador Isidro, chefe de polícia da corte. Não raro, recebiam D. Pedro II para um cafezinho em suas chácaras.

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Inaugurada em 1911, a Saens Peña se tornou um espaço público de convivência e lazer onde o coreto se destacava. Localizado no cruzamento das ruas Conde de Bonfim e General Roca, ele recebia com frequência apresentações musicais, paradas cívicas, discursos políticos e cerimônias religiosas. Os bancos ao redor eram usados pelas famílias para assistir às apresentações de marionetes do Teatro de Guignol, um pequeno palco de cimento. Logo vieram os cinemas. As salas de projeção exibiam não apenas filmes, mas também ofereciam espetáculos como shows de mágica e fantoches. O requinte aumentou a partir da década de 30, com a introdução do ar condicionado.

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Tecnologia à parte, a praça em si era um local bastante fresco. Registros de 1914 da Inspetoria de Arborização da Prefeitura indicam que foram plantados 100 tipos de árvores e outras espécies vegetais em canteiros. “Hoje, não há quase nenhuma vegetação. A gente sofre com o calor”, afirma Jaime Miranda, vice-presidente da Associação Comercial da Tijuca (ACIT), que já encaminhou à prefeitura um projeto de replantio. O secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, garante que a rearborização está na pauta da prefeitura. “Estamos estudando a melhor forma de introduzir novas plantas, o que deve ser concluído entre 40 e 60 dias. Também já estamos buscando, junto com a ACIT, parcerias na própria praça para implantar um novo paisagismo que dê mais vida à região”, afirma Osório. Afinal, as obras do metrô (1976-1982) e a subsequente violência dos anos 80 e 90 levaram-na à decadência. Um acordo prevê ainda que o efetivo da Guarda Municipal informe à Secretaria de Conservação, a partir de maio, sobre necessidade de reparos nas vias públicas do entorno. Um aplicativo permitirá enviar a descrição e localização dos problemas por meio eletrônico.

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Se hoje a Saens Peña é mais um lugar de passagem do que de lazer, por onde circulam cerca de seis milhões de pessoas por mês, antigamente frequentá-la era um acontecimento. Nela floresceu o tal “estilo de vida tijucano”. Era onde as pessoas eram vistas e onde os jovens se encontravam para paquerar e namorar. Na Confeitaria Tijuca, música ao vivo embalava o lanche após as sessões de cinema. Havia também muitas sorveterias, como a La Bella Itália e a Le Coin, e tinha ainda o Bar Éden, na esquina da General Roca com a Conde de Bonfim, um lugar boêmio frequentado só por homens. Lá era servido o tradicional filé de ouro (bife com fritas). Boutiques de luxo como a Casa Sloper faziam a cabeça dos moradores. “Todo mundo passava em frente à loja só para sentir o ventinho do ar condicionado, assim como no Metro Tijuca, cinema clássico que existiu onde hoje se encontra uma loja de departamentos”, destaca o tijucano Pedro Paulo Bastos, autor do blog As Ruas do Rio.

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Lembranças dos tempos áureos podem ser percebidas em detalhes como o letreiro da tradicional Casa Granado, que permanece até hoje no belo prédio construído especialmente para abrigar o negócio, e no balcão do extinto Café Palheta (1953-2004), que ainda resiste no interior da Drogaria Venâncio, mantendo o tradicional atendimento. Atualmente, um grupo de entusiastas estuda reabrir o Tijuca Palace, com direito a uma filial da livraria Luzes da Cidade (cuja sede se encontra no Cinema Estação Botafogo). “Queremos transformar este espaço negociado com a Família Valansi, dona do antigo cinema, em um centro cultural com atividades diversas além da exibição de filmes”, revela o roteirista Gustavo Colombo.

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A falta de programas culturais é uma das principais reclamações dos moradores das proximidades, que esperam atrair novos públicos com mais opções de lazer. “Após a pacificação das favelas do bairro, muitos jovens têm saído da casa dos pais na Zona Sul para morar na Tijuca, onde o preço do imóvel ainda é mais acessível. Mas, para se divertir, eles têm apenas três opções: o shopping, o clube ou a Zona Sul. Queremos que a praça, depois de revitalizada, seja mais uma”, afirma Miranda, da ACIT, que vai entregar à prefeitura, em maio, o projeto de redesenho da praça e reorganização do trânsito, com a criação de um polo gastronômico na região, além do corredor cultural. “Esperamos ter a mesma sorte que a Lapa teve em sua recuperação”, diz Pedro Paulo Bastos. Você apoia?

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