Por que a etapa carioca da Sail Grand Prix 2025 foi cancelada
Evento aconteceria pela primeira vez no Brasil, na Baía de Guanabara, nos dias 3 e 4 de maio; quem comprou ingressos será reembolsado integralmente

Um acidente ocorrido a poucos segundos da largada da sétima prova do segundo dia de disputa do São Francisco do Sail Grand Prix, nos Estados Unidos, provocou o cancelamento da etapa do GP que aconteceria no Rio, pela primeira vez, nos dias 3 e 4 de maio. Conhecida como a mais veloz disputa desses barcos, ela envolve, em vez das tradicionais velas de poliéster, as chamadas asas de fibra de carbono – “com qualquer ventinho, os barcos podem atingir 100km/h, a 1,4 metros acima d’água”, descreve Alan Adler, ex-atleta e CEO da IMM, empresa responsável por trazer a liga internacional ao Brasil. Em São Francisco, a vela-asa de 24 metros do catamarã australiano colapsou após uma manobra da equipe comandada por Tom Slingsby e por pouco não atingiu a tripulação a bordo.
Confira como foi a disputa em que ocorreu o acidente:
Após identificar o defeito um defeito nas velas-asas da frota de catamarãs F50, o SailGP informa que tomou a difícil decisão de cancelar o Enel Rio Sail Grand Prix 2025, que ocorreria na Baía de Guanabara, visando facilitar os reparos necessários antes do evento de New York (7 e 8 de junho) e do restante da temporada. “O problema foi descoberto após testes e análises do colapso da vela-asa (wingsail) do Australia SailGP Team, ocorrido no mês passado em San Francisco”, diz a organização do evento, em nota divulgada na manhã desta quinta (10). No comunicado, o CEO do SailGP, Russell Coutts, definiu a decisão como “uma ação necessária a ser tomada”. Coutts afirmou: “Após uma análise minuciosa, nossos engenheiros e técnicos identificaram um defeito com a adesão do material no núcleo do painel da alma de cisalhamento de algumas das asas rígidas, o que poderia comprometer a integridade estrutural dessas peças. Sendo assim, tomamos a prudente decisão de suspender a etapa do próximo mês, garantindo tempo suficiente para concluir os reparos e conduzir novas investigações, se necessário. Esta é a quinta temporada do SailGP.
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Ainda segundo a nota, de acordo com a política do SailGP, todos os portadores de ingressos serão reembolsados integralmente nos próximos dias, enquanto o campeonato avalia possíveis opções para remarcar o evento de 2025 do Rio de Janeiro. “Sabemos que essa notícia será extremamente decepcionante, mas a segurança de nossos atletas é nossa prioridade máxima. Agradecemos aos fãs apaixonados do Brasil pelo apoio contínuo ao SailGP e à equipe brasileira, assim como aos nossos parceiros no país e ao redor do mundo. Temos muito trabalho pela frente, mas estamos confiantes de que conseguiremos colocar as 12 equipes nacionais prontas para correr quando o SailGP retornar em New York, em junho”, acrescentou Coutts. Ainda de acordo com o comunicado, mais informações serão divulgadas assim que disponíveis. “Os ingressos para os eventos da temporada 2025 já estão à venda em SailGP.com/Tickets. As primeiras informações do calendário da temporada de 2026 do SailGP – incluindo o retorno ao Rio de Janeiro – serão divulgadas nos próximos dias”, diz a nota.
Segundo Adler, o esporte que no imaginário popular é quase bucólico, tornou-se radical ao ganhar doses extras de adrenalina. Ao ponto de os páreos durarem entre 8 e 10 minutos: “Os competidores têm que estar treinados e equipados, com itens como faca e oxigênio, pois até uma batida contra um peixe pode ser violenta”. CEO do Mubadala BrazilSailGP Team, ele também comentou sobre a decisão do cancelamento. “Da mesma forma que os milhões de fãs do esporte a vela do Brasil, lamentamos que a Liga se veja na contingência de cancelar a etapa brasileira do SailGP para promover ajustes em todos os barcos da competição. Por outro lado, a postura preventiva revela a seriedade da Liga e seu compromisso inegociável com o esporte e com a integridade dos atletas. Quero tranquilizar o público e nossos parceiros. Em breve, vamos anunciar as novas datas da etapa brasileira, que tenho certeza será uma das melhores do circuito”.
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Martine Grael, bicampeã olímpica e capitã do Mubadala Brazil SailGP Team, reconheceu a importância da decisão e compartilhou o sentimento da equipe. “É claro que fica um sentimento de frustração, principalmente porque estávamos muito empolgados para correr em casa e dar continuidade à evolução que vínhamos construindo como equipe. Mas a gente entende que, nesse momento, a prioridade precisa ser a segurança – algo que é inegociável dentro do SailGP. Sabemos que ainda temos outras etapas importantes pela frente, e o foco agora é seguir trabalhando duro para manter o ritmo de crescimento do time. Todo mundo estava animado com a etapa do Rio, não só o nosso time, mas todos os envolvidos na competição. Agora é transformar essa energia em motivação para as próximas disputas”, disse ela.