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Polilaminina: como estudo da UFRJ devolveu movimentos de pacientes

Proteína extraída da placenta se mostrou capaz de estimular neurônios maduros, que não iriam mais se desenvolver

Por Da Redação
Atualizado em 10 set 2025, 12h25 - Publicado em 10 set 2025, 11h25
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A pesquisadora Tatiana Coelho de Sampaio: 25 anos de dedicação à pesquisa (Reprodução/TV Globo)
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Uma descoberta da academia carioca enche de orgulho um país inteiro.

A pesquisadora brasileira Tatiana Coelho de Sampaio, professora doutora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se aprofundou em silêncio com uma equipe de biólogos, nos últimos 25 anos, sobre a proteína laminina, extraída da placenta, que atua no sistema nervoso.

Os estudos acabaram gerando o atual medicamento polilaminina, uma novidade mundial, apresentada nesta terça (9) pelo laboratório Cristália, capaz de regenerar a medula em pessoas que tiveram rompimento do órgão em acidentes de diversas naturezas e que acabaram resultando em paraplegia —paralisa dos membros inferiores— ou tetraplegia —paralisia de membros inferiores e superiores.

A substância é aplicada diretamente na coluna e, nos testes acadêmicos, pacientes tiveram recuperação total de seus quadros, sem sequelas, podendo retomar a antiga rotina sem restrições.

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Há quase três anos, o laboratório aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer o estudo clínico regulatório ampliado do medicamento. A expectativa, agora, é de que a autorização seja dada em até um mês.

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A Anvisa, por sua vez, aguarda os dados complementares do laboratório sobre os estudos pré-clínicos. “Os dados submetidos até o momento referem-se aos estudos iniciais da fase não clínica, sem uso em seres humanos. Ou seja, não há solicitação referente a este estudo aguardando aprovação da Anvisa. Existe um processo ainda com dados que precisam ser complementados pela empresa”, afirmou o órgão em nota.

Como a polilaminina funciona

A polilaminina é capaz de estimular neurônios maduros, que não iriam mais se desenvolver, a rejuvenescerem e a criarem novos axônios —fios finíssimos que transportam os impulsos elétricos pelo corpo.

Na apresentação do fármaco, dois dos oito voluntários que passaram pelo procedimento em estudo acadêmico clínico, aprovado pelos órgãos éticos, e que tinham lesões que haviam comprometido movimentos, estavam presentes. Uma delas era a atleta paralímpica de rugby Hawanna Cruz Ribeiro, 27, que ficou tetraplégica em 2017 após uma queda de dez metros de altura. Na época, ela perdeu os movimentos do pescoço para baixo e, três anos depois, recebeu a aplicação da polilaminina.

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“Recuperei entre 60% e 70% do controle do meu tronco. Sinto que a sensibilidade na minha bexiga voltou, mas ainda não sou independente nessa questão. Não tenho nenhuma dúvida da minha melhora”, afirmou.

O outro voluntário, Bruno Drummond de Freitas, 31, lembra de ter o corpo completamente paralisado do pescoço para baixo após um acidente de trânsito. Ele recebeu a polilaminina 24 horas depois desse trauma.

“Em cinco meses, mais ou menos, eu já estava completamente recuperado. Tenho uma rotina normal, faço esportes e não passo mais por nenhum tipo de tratamento”, contou.

Na aplicação em cães que tiveram lesões não provocadas, os resultados também impressionaram os pesquisadores, com a retomada total da marcha naqueles que tiveram o órgão neural rompido. Em ratos de laboratório, os efeitos da aplicação aconteciam em 24 horas.

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O medicamento já está sendo produzido na planta de biotecnologia do Cristália, a partir de placenta doada por mulheres saudáveis que são acompanhadas durante toda a gravidez.

Até agora, não havia método efetivo para que o tecido nervoso fosse renovado. Isso prova que o feito é extremamente importante para a humanidade.

“O que me dá segurança é o retorno e a interação com quem está a minha volta e os resultados que estamos vendo. Tento fazer o meu melhor”, disse a pesquisadora Tatiana Coelho de Sampaio.

Os estudiosos afirmam que a medicação, comprovadamente, não causa nenhum dano colateral e passará por mais testes após a aprovação da Anvisa. Lesões mais antigas também são impactadas com o medicamento, segundo os pesquisadores, mas o resultado depende do comprometimento do paciente com o pós-operatório.

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O processo de patente do medicamento e seu ineditismo mundial já foi instalado, mas pode demorar ainda vários anos para se concretizar. Todas as duplicações dos estudos, em laboratórios de onde foi desenvolvida a pesquisa, foram realizados e confirmaram a efetividade do método.

A divulgação do estudo científico está sendo postergada, segundo os envolvidos na pesquisa com a polilaminina, para proteger o ineditismo e o impacto do método.

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