Como a Polícia Federal conseguiu prender integrante do Hezbollah no Rio
Detido neste domingo (12), ele não teve seu nome divulgado. Já é o terceiro suspeito de participação no esquema na prisão
A Polícia Federal prendeu no Rio mais um suspeito de participar do esquema de recrutamento de brasileiros pelo grupo extremista libanês Hezbollah. A prisão aconteceu no início da noite deste domingo (12). O preso, que não teve a identidade revelada, já é o terceiro do grupo detido pela PF. Na última quarta (8), a agentes fizeram uma operação para interromper atos preparatórios para ataques terroristas no Brasil. Na ocasião, os policiais cumpriram ao todo onze mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal, e duas pessoas foram presas. Até agora, a investigação aponta que eles não tinham vínculo ideológico ou religioso com o grupo extremista.
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A informação da nova prisão foi divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, que também descobriu a identidade do principal investigado do esquema no Brasil: Mohamad Khir Abdulmajid teria cooptado brasileiros para o grupo. Procurado pela Interpol, ele é sírio, naturalizado brasileiro, e veio para o Brasil em 2008. Aqui, foi fichado pela primeira vez em 2014, quando foi preso em flagrante vendendo bebida alcoólica para menor de idade, em Minas Gerais. Abdulmajid é casado, e sua mulher é responsável por duas lojas que vendem produtos para tabacaria na área central de Belo Horizonte. Segundo a PF, ele é o verdadeiro proprietário do negócio. Em 2021, ele começou a ser investigado pela Polícia Federal por contrabando. Com o avanço das apurações, os delegados desconfiaram que a venda de produto ilegal tinha como objetivo financiar atos terroristas.
Segundo trechos da representação policial da Operação Trapiche a que o Fantástico teve acesso, o delegado afirma que Abdulmajid seria no mínimo simpatizante, senão apoiador e integrante do grupo libanês Hezbollah. Em uma rede social, ele publicou uma foto com uniforme militar em cima de um blindado. O perfil foi apagado, mas as imagens fazem parte da investigação. O conteúdo compartilhado no perfil do procurado indica que ele, em 2016, lutou na guerra civil na Síria como integrante da força do grupo Hezbollah que apoiou militarmente o governo de Bashar Al-Assad.
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No documento, a polícia diz que “os indícios de que Mohamad integra o braço paramilitar do Hezbollah e o fato de constar recentes registros migratórios de todos os citados para o Líbano, associado às evidências de falta de condições financeiras e antecedentes criminais dos brasileiros natos, corroboram com a tese de que estamos diante de uma possível fase de recrutamento de brasileiros para atuações ilícitas, inclusive na hipótese de objetivos terroristas”. A PF acredita ter interrompido a formação de uma rede de mercenários que prestariam serviços para o Hezbollah. Este tipo de criminoso é chamado de proxy, bandidos que atuam por procuração e dinheiro.