Operação na Maré: polícia apreende até submetralhadora antiaérea
Três pessoas morreram na ação, entre elas um policial do Bope; criminosos transformaram em barricadas um ônibus, que foi incendiado, e uma carreta
Em operação realizada nesta terça (11) por homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do 22º BPM (Maré) no Complexo da Maré, dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP), para tentar coibir o roubo de carros, a Polícia Militar apreendeu 11 fuzis — entre eles um submetralhadora capaz de derrubar aeronaves, três pistolas, uma espingarda calibre 12, além de drogas. Três pessoas morreram durante a incursão, incluindo o sargento do Bope Jorge Henrique Galdino Cruz, assassinado após ser atacado por traficantes. Os outros dois foram identificados pela Polícia Militar como sendo dois seguranças do tráfico que reagiram à ação dos policiais.
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O sargento Rafael Wolfgramm Dias também foi baleado, no abdômen, e passou por cirurgia no Hospital Federal de Bonsucesso, onde está internado em estado grave. Vinte e quatro pessoas foram presas, sendo dois feridos. No fim do ano passado, imagens de um espaço de lazer transformado em centro de treinamento do tráfico motivaram uma operação envolvendo mil policiais.
A operação se estendeu nesta quarta (12). De acordo com a corporação, o policiamento foi reforçado no entorno de algumas comunidades da região. A polícia também realiza um patrulhamento aéreo na área. Moradores afirmam que ainda não têm coragem de sair de casa, mesmo sem tiroteios no começo da manhã. Ao todo, 44 escolas estão fechadas, entre unidades municipais e estaduais. O caos no complexo de favelas começou na manhã de terça (11), quando, em represália à ação, criminosos transformaram em barricadas um ônibus, que foi incendiado, e uma carreta, que o motorista foi obrigado a deixar atravessada na pista. As três principais vias da cidade, Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil, precisaram ser fechadas. Todas vias foram liberadas por volta das 12h30.
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Os agentes se concentraram nas favelas Vila dos Pinheiros, Timbau, Vila do João e Baixa do Sapateiro. Quando se aproximavam do esconderijo de Thiago da Silva Folly, o TH da Maré, foram atacados. TH é um dos chefes do tráfico de parte do conjunto de favelas, onde o comércio de drogas é controlado pela facção criminosa.
A Polícia Militar também abriu um procedimento interno para apurar se é verdadeiro um áudio em que traficantes dizem estar atacando uma casa onde agentes estariam se preparando para uma emboscada conhecida como troia, prática de operação ilegal em que policiais ficam escondidos para atacar suspeitos.
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Jorge Henrique Galdino Cruz tinha 32 anos. Terceiro-sargento, ele ingressou na corporação em 2011 e, oito anos depois, entrou para o Bope. O agente deixa mulher e três filhos: um menino e duas meninas.