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Parece Nova York

Com um investimento de 3 milhões de reais, a rede americana P.J. Clarke?s desembarca no Leblon

Por Fabio Codeço
Atualizado em 2 jun 2017, 13h02 - Publicado em 13 ago 2014, 16h45
Tomás Rangel
Tomás Rangel (Redação Veja rio/)
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A história é conhecida. Certa vez, no fim da década de 50, o cantor Nat King Cole parou para comer no restaurante de número 915 da Terceira Avenida, esquina com a Rua 55, em Nova York. Escolheu a mesa, pegou o cardápio e pediu ao garçom um bacon cheeseburger. Ao dar a primeira mordida no suculento sanduíche, proferiu: “É o Cadillac dos hambúrgueres”, em referência ao carro americano que, por décadas, foi sinônimo de luxo. Ícone máximo do cardápio local, a receita foi rebatizada a partir desse dia como cadillac burger. Essa é apenas uma das muitas saborosas passagens que recheiam a trajetória de 130 anos do P.J. Clarke?s, grife nova-iorquina que inaugura a primeira filial no Rio no próximo dia 20 ? antes disso funciona por uma semana no chamado sistema soft opening, apenas para convidados. Fundado em 1884 como um pub irlandês, o lugar viu a metrópole crescer em seu entorno, virou patrimônio arquitetônico local e ganhou aura de ponto turístico ao colecionar clientes ilustres. Frank Sinatra, por exemplo, só se sentava à mesa 20. O músico Dave Matthews conheceu ali a musa da canção Stolen Away on 55th & 3rd. Não raro, Jackie Kennedy era vista, aos sábados, almoçando com os filhos, John Jr. e Caroline. “Sou habitué da casa. Não vejo a hora de ter uma por aqui também”, empolga-se o restaurateur carioca Marcelo Torres, frequentador assíduo da matriz, em Manhattan.

Irreconhecível após as obras feitas para receber o novo inquilino, o imóvel onde funcionou o francês Chez L?Ami Martin, no número 1227 da Avenida General San Martin, no Leblon, exigiu investimento de 3 milhões de reais para ser adaptado ao padrão da rede americana. Vencidos obstáculos como entraves burocráticos e a descoberta de instalações irregulares, o espaço ganhou paredes de tijolos aparentes, cobertas por muitos quadros e fotos de frequentadores famosos, lustres art déco, bancos de couro vermelhos e balcões de madeira, bem ao estilo da casa original. Com capacidade para 72 comensais, é aconchegante e menor que as demais unidades da rede. O mesmo modelo deverá ser adotado em outras filiais ? ainda neste ano vem mais uma para o Rio, na nova área do BarraShopping ? pelos operadores da marca na América Latina, uma sociedade de oito empresários de São Paulo. O contrato com a matriz dá ao grupo plenos poderes para gerir o plano de expansão por aqui, mas a ideia não é copiar a Starbucks, com filiais por todos os cantos. “Temos marca, produto e gestão para isso, mas não é nosso interesse agora”, afirma o empresário Cristiano Almeida, que planeja a abertura de unidades em Brasília, Santiago e Bogotá. De fato, é surpreendente que um nome tão forte só possua quatro unidades em todos os Estados Unidos, além de duas em São Paulo. Em 2000, o empresário Ricardo Amaral até chegou a abrir uma réplica por aqui, no Shopping New York City Center, batizada de P.J. New York. “Mas os donos jamais tiveram conhecimento desse negócio”, alfineta Almeida.

A chegada do autêntico P.J. Clarke?s coincide com o momento em que os cariocas, finalmente, começam a descobrir os prazeres de um bom hambúrguer. Se por muito tempo os apreciadores desse ícone americano estiveram restritos ao pioneiro Joe & Leo?s e às cadeias de fast-food, hoje não há do que reclamar. Entre junho e julho, foram abertos na cidade pelo menos quatro endereços especializados na versão gourmet do sanduíche (veja o quadro abaixo). Tra­ta-se da variedade preparada de forma artesanal, com matéria-prima de alta qualidade, carne de diferentes cortes processada diariamente e um pão à altura do recheio. É, de certa forma, a popularização de um movimento encampado por alguns dos principais chefs do planeta, como o francês radicado nos Estados Unidos Daniel Boulud, autor de uma receita mundialmente famosa, feita de picanha, foie gras e trufas, da qual são vendidas até 15?000 unidades por mês no DB Bistro Moderne de Nova York. Por aqui, de Roberta Sudbrack a Felipe Bronze, os principais mestres-cucas da cidade também têm suas versões, servidas em endereços de alta classe, mas Thomas Troisgros, chef do Olympe, foi além. Ele abriu o Reserva TT Burger, que acaba de ganhar uma filial no Leblon, invariavelmente com fila na porta. Como se vê, o carioca nunca esteve tão bem servido em matéria do velho disco de carne moída entre duas metades de pão.

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