PF flagra negociação de comandante da UPP com chefe do tráfico do Alemão

Investigação revela ligação entre PMs e traficante foragido há seis anos. Diálogos sobre áreas controladas e proteção ao crime organizado são expostos

Por Da Redação
28 abr 2025, 11h51
Visão do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio
Complexo do Alemão: comandantes da UPP são flagrados pela PF em negociação com chefe do tráfico (Ismar Ingber/Veja.com)
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Uma investigação da Polícia Federal revelou que um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro, Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, mantém contato frequente com oficiais da Polícia Militar responsáveis pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão.

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O criminoso, que está foragido há mais de seis anos e ocupa uma posição de destaque no Comando Vermelho, lidera o tráfico de drogas em parte da região e é apontado como um dos mais relevantes membros da facção fora do sistema penitenciário.

Foragido do Alemão
Cartaz do Professor: grafia do nome do traficante está incorreta. O certo é Fhilip da Silva (Reprodução/Internet)

 

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A PF obteve com exclusividade mensagens extraídas da conta de e-mail do traficante, onde conversas entre ele e os comandantes da UPP evidenciam uma relação de colaboração entre o tráfico e a polícia. De acordo com o relatório, as mensagens trocadas entre 2022 e 2023 mostram os policiais combinando quais áreas do complexo poderiam ser patrulhadas, além de elogios à “gestão” do tráfico na região.

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Na noite de 22 de novembro de 2022, uma conversa via WhatsApp entre um dos oficiais da UPP Fazendinha e o criminoso começou com uma troca sobre a mudança de comando. O policial informava que seria transferido para a UPP Manguinhos, onde enfrentaria dificuldades devido à situação do tráfico local. O traficante, por sua vez, prometeu ajudar na adaptação e garantiu que tomaria providências para manter a “sintonia”, o que, segundo o relatório da PF, se refere ao pagamento de propina para garantir que a polícia não interfira nas atividades criminosas.

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Em outro trecho das conversas, o policial elogia a “gestão” de Professor no tráfico, reconhecendo as dificuldades que ele enfrenta, como os roubos na Rua Canitar. O criminoso, por sua vez, promete organizar seus subordinados para evitar mais conflitos. A troca de mensagens também revelou que o major responsável pela UPP Manguinhos, sucessor do oficial transferido, pediu para manter o mesmo número de contato utilizado pelo traficante, evidenciando a continuidade dessa comunicação.

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A investigação culminou na Operação Dakovo, realizada em dezembro de 2023, que desmantelou uma rede de tráfico internacional de armas. Professor, que mantém contatos frequentes com traficantes de países como Paraguai, Peru e Bolívia, é apontado como o principal responsável pela compra de armas usadas pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Apesar de ter a prisão decretada pela Justiça Federal da Bahia, ele permanece foragido.

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A Polícia Militar, ao ser questionada sobre os diálogos, informou, por meio de nota, que a Corregedoria Geral da Corporação ainda não havia sido notificada sobre a investigação. A PM afirmou que tomará as medidas necessárias para apurar as responsabilidades dos agentes envolvidos, caso a denúncia seja confirmada.

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As conversas e a investigação expõem a influência do traficante sobre os policiais e revelam uma relação promíscua entre membros da PM e o crime organizado. Enquanto isso, a UPP Fazendinha, que foi uma das unidades mencionadas nas mensagens, foi extinta no ano passado após a reestruturação da PM, sendo integrada à UPP Complexo do Alemão.

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