Pesquisa investiga o impacto dos microplásticos no litoral do Rio

Fragmentos minúsculos de plástico têm sido encontrados em diferentes praias cariocas, ilhas e também na Lagoa Rodrigo de Freitas

Por Luiza Maia
9 jun 2022, 20h03
Foto mostra pesquisadores mergulhando na água
Pesquisa em andamento: estudantes e pesquisadores do Rio coletam amostras em diferentes pontos da orla (Ricardo Gomes/Instituto Mar Urbano/Divulgação)
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Com tamanho menor que 5 milímetros, pequenos fragmentos de plástico – conhecidos como microplásticos – podem ser encontrados em diferentes pontos da orla carioca: desde as praias da Baía de Guanabara, como Glória, Flamengo e Urca, até as praias oceânicas (Leme e Copacabana, por exemplo), incluindo ilhas, como o Arquipélago das Cagarras e as Ilhas Tijucas, passando ainda pela Lagoa Rodrigo de Freitas.

A contaminação por esses resíduos com o tamanho de grãos de areia, que podem gerar impactos muito maiores, é investigada pela PlastiTox, uma pesquisa coordenada pela doutora em biologia Raquel Neves, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). “Encontramos os fragmentos em todos esses ecossistemas e em algumas regiões as concentrações eram mais preocupantes”, relata a bióloga.

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Financiado pela Faperj, o estudo conta com a participação de alunos da graduação, da pós-graduação e pesquisadores da Unirio e da Uerj. Desde o início da pesquisa, em 2020, a equipe têm observado a presença dos microplásticos tanto na areia quanto no mar, além de terem sido encontrados fragmentos também em organismos marinhos, incluindo os que são consumidos pelos humanos, como os mexilhões.

“Nós decidimos observar primeiro os ouriços e mexilhões, que são espécies indicadoras, ou seja, servem para indicar o nível de contaminação dos ecossistemas. Queremos investigar não só as ocorrências nesses organismos, como os impactos, que ainda não são tão conhecidos pela ciência”, explica Raquel Neves.

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Existem dois tipos de microplástico: o primário, geralmente produzido pela indústria para o uso em cosméticos e sabonetes esfoliantes, por exemplo; e o secundário, que vem da degradação de plásticos maiores e de decomposição bastante lenta  – como as garrafas PET, que levam cem anos para se decompor, no mínimo – descartados inadequadamente no meio ambiente.

Um dos maiores problemas da poluição pelos resíduos é a liberação de substância químicas, como o polêmico BPA (bisfenol A), composto que passou a ser proibido na produção de mamadeiras e teve quantidade limitada em outros produtos, e os fitalatos, que também podem gerar efeitos nocivos. “Avaliamos no nosso estudo que o BPA, por exemplo, pode causar toxicidade para os organismos em concentração alta, além de poder causar infertilidade”, relata a pesquisadora Raquel.

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Para compreender melhor os impactos dessas partículas nos ecossistemas, a pesquisa continua em andamento, com a análise de todas as amostras obtidas, e deve gerar em breve a publicação de novos estudos científicos. Em parceria com o Instituto Mar Urbano, o trabalho de campo dos pesquisadores foi retratado em um minidocumentário, publicado no início do ano no Youtube

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