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A imperatriz do Méier

Aniela Jordan dá as cartas no novo Imperator, que reabre na sexta (15)

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h30 - Publicado em 13 jun 2012, 20h06
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perfil-01.jpg (Redação Veja rio/)
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Ao encomendar seu mapa astral, Aniela Jordan recebeu a notícia: o ano de 2012 seria de muito trabalho pela frente. Parece que, desta vez ao menos, os astros estão certos. A produtora teatral é a responsável pela reabertura, na próxima sexta (15), do novo Imperator, nome original do Centro Cultural João Nogueira, no Méier. No fim de abril, a Produzir, empresa da qual é sócia, venceu a concorrência da prefeitura, levando Aniela a assumir a residência artística do espaço, um antigo cinema que virou casa de espetáculos e teve até Shirley MacLaine nos palcos, mas fechou há dezesseis anos. Como o astrólogo havia previsto, a inauguração acontece apenas sete dias após a estreia, no Teatro João Caetano, da superprodução O Mágico de Oz, décimo musical produzido pela Aventura Entretenimento, sua outra empresa. “Com a quantidade de coisas que tenho para fazer, não durmo mais do que cinco horas por noite”, conta ela, dividida entre compromissos em Botafogo, no Centro e na Zona Norte.

O jeitão simples, que se reflete no vestuário e na maneira com que se dirige às pessoas, esconde a origem aristocrática dessa carioca de 48 anos. Seu pai foi o banqueiro e empreiteiro Henryk Spitzman Jordan, imigrante polonês responsável pela construção do Edifício Chopin, em Copacabana. Ali, nos 2?000 metros quadrados de uma cobertura com vista para a Avenida Atlântica, Aniela viveu até os 6 anos, antes de se mudar para a Europa. Já na infância a discrição era uma característica de sua personalidade. “Detestava chegar ao colégio num Rolls-Royce enquanto todos os meus amigos iam de metrô”, lembra.

De volta ao Brasil, depois de seis anos no exterior, começou a dançar por influência da irmã, a bailarina Dalal Achcar, filha do primeiro casamento de sua mãe, a socialite Josefina Jordan. Ao ser escalada para seu primeiro balé, porém, viu que não levava muito jeito. “Apesar da falta de aptidão, ela conhecia todos os detalhes da produção”, conta Dalal, que a convidou para trabalhar como assistente de iluminação de grandes companhias internacionais que vinham ao Rio. O primeiro grande desafio profissional foi em 1975, ao lado de Tom Mac Arthur, diretor técnico do Covent Garden de Londres. Na década de 80, veio a grande chance. Depois de uma temporada nos bastidores da Ópera de Paris, Aniela assumiu o cargo de iluminadora projetista do Theatro Municipal, onde fez brilhante carreira, chegando ao posto de produtora executiva. “Às vésperas das estreias tínhamos de ir até lá para vê-la, porque não a encontrávamos em casa”, lembra Giulia, de 21 anos, filha do segundo casamento da produtora.

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Formada em administração de empresas e fã do artista e empresário Walt Disney, Aniela procura unir a paixão pela arte à lógica dos melhores mandamentos da boa gestão e do empreendedorismo. Desde que se afastou do Municipal, passou a investir no mercado de musicais, aposta que se mostrou acertada. Em parceria com Luiz Calainho, reformou o teatro Oi Casa Grande, comprou os direitos da versão brasileira de A Noviça Rebelde e produziu a peça com os diretores Charles Möeller e Cláudio Botelho. O espetáculo foi visto por cerca de 400?000 pessoas, em temporadas no Rio e em São Paulo. “Ela é uma líder natural, daquelas que fazem a equipe se unir para pôr um projeto de pé”, afirma Calainho, seu sócio na Aventura Entretenimento. Desde então, as montagens cariocas estão cada vez mais frequentes e grandiosas. Por influência direta de seus trabalhos (a extensa lista inclui Beatles num Céu de Diamantes, O Despertar da Primavera e Hair), o Brasil já é o terceiro maior polo do gênero, perdendo apenas para Estados Unidos e Inglaterra. “Estamos provando que é possível realizar espetáculos de qualidade por aqui”, defende Aniela, que espera, com o novo trabalho, proporcionar experiências inéditas a uma área menos privilegiada da cidade.

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Depois de dezesseis anos fechado e um ano e meio em obras, que consumiram 28 milhões de reais, o ex-Imperator reabre suas portas com atrações para agradar a todos os tipos de público. Além do teatro com capacidade para 657 espectadores sentados (graças a um moderno sistema americano de poltronas retráteis, ele se converte em uma ampla arena para shows, capaz de comportar até 2?000 pessoas de pé), o local ganhou galeria de arte, três salas de cinema e um terraço, onde funcionarão uma praça pública e um restaurante. Para o primeiro fim de semana, Aniela destacou Diogo Nogueira, filho do compositor que dá nome ao complexo, na sexta (15) e no sábado (16). Esse é só o aperitivo da programação, que já tem apresentações agendadas com Alcione, Cidade Negra e Léo Jaime. Quanto aos musicais, sua especialidade, eles entram em cartaz a partir de julho. O primeiro, provavelmente, será Beatles num Céu de Diamantes. “O Méier vai sentir orgulho. E a Zona Sul vai ficar com inveja”, promete a imperatriz.

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