Pequena África renovada: como ficará o Cais do Valongo após obras
Patrimônio Mundial da Unesco vai ganhar até novembro guarda-corpo, exposição e sinalização, além de iluminação e escultura na forma do continente africano
Começaram nesta quinta (6) as obras de revitalização do Cais do Valongo, construído em 1811 na região conhecida como Pequena África. Há seis anos, Patrimônio Mundial da Unesco, o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas no século XIX ganhará uma estrutura que substituirá parte da mureta, sinalização, iluminação e murais: uma escultura na forma do continente africano, a depender do ângulo de observação, e totens expositivos com descrição histórica do lugar.
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As adaptações são coordenadas pelo IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão) e pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar, da prefeitura) e têm previsão de serem inauguradas em novembro, mês da Consciência Negra. Segundo Sergio Mendes, diretor de projetos do IDG, em entrevista ao Globo, serão quatro entregas. A primeira delas é a instalação do guarda-corpo. “O Iphan nos recomendou que a mureta fosse refeita, até por uma questão de segurança. Durante a reconstrução, teremos acompanhamento de especialistas em arqueologia. A intervenção não é dentro do sítio e será feita com cuidado de reservação do patrimônio”, explicou ele.
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Ficam a cargo da prefeitura, por exemplo, a iluminação das ruas e a supervisão do sistema de drenagem para que a área, antes suscetível a alagamentos, seja frequentemente drenada. De acordo com a professora Ynaê Lopes dos Santos, especialista em História da escravidão e em Relações raciais nas Américas, os módulos expositivos foram pensados a partir de eixos centrais. Entre eles o fato de o Valongo ser um portal que nos convida a repensar a história do Rio de Janeiro e do Brasil, e a entender a importância do Cais no sentido da liberdade, tanto durante a vigência da escravidão quanto após ela ter sido abolida. Outros eixos são observar esse espaço da Pequena África como lugar de memória e de luta da população negra, o peso do tráfico transatlântico na História do país; e mostrar a pluralidade de povos africanos que foram sequestrados e trazidos para cá.