Aos 63 anos de idade e 43 de carreira, Pedro Paulo Rangel está vivendo uma temporada bastante produtiva. No primeiro semestre, interpretou o inventor Thomas Edison no drama
A Eva Futura, do francês Villiers de L?Isle-Adam (1838-1889). Nos últimos meses, dividiu seu tempo entre as gravações da série As Brasileiras, a ser exibida a partir do mês que vem, na TV Globo, e os ensaios do espetáculo Um Número, da incensada dramaturga inglesa Caryl Churchill. Dirigida por Pedro Neschling, 29 anos, a peça estreia na sexta (23), no Espaço Sesc.
É difícil para um ator experiente ser dirigido por um profissional com a metade da sua idade? De jeito nenhum. Até gosto de trocar experiências com artistas de outras gerações. Estamos tendo uma ótima convivência. Somos três Pedros (ele, o diretor Neschling e o outro ator, Pedro Osório), e cancerianos, na mesma produção. Aliás, fui convidado para o projeto pelos dois jovens em 2007, quando eu interpretava o pai do personagem do Neschling na novela Desejo Proibido, na TV Globo. Curiosamente, agora devo obediência a ele nos ensaios. O Osório, também produtor, tem os direitos do texto, pelo qual me apaixonei desde a primeira leitura que fizemos lá em casa.
O texto de Caryl Churchill tem um quê de ficção científica, por envolver clonagem, e de thriller psicológico. É um espetáculo difícil? A peça mostra um ajuste de contas entre pai e filho. O rapaz chamado Bernard descobre meio casualmente, quando vai a um hospital, que existem clones dele por aí. Claro que ele fica furioso e vai cobrar explicações do pai, o Salter, que sou eu. A mãe de Bernard, que era maníaco-depressiva, tinha morrido quando era ele pequeno e o Salter era um drogado inconsequente. O Pedro Osório se desdobra nos três personagens clones. Um deles, o Bernard 1, acaba descobrindo que ele próprio é cópia do original. Se eu contar mais, estrago a surpresa.
Sua próxima aparição na TV vai ser no seriado As Brasileiras. Como é o seu papel? Acabei de gravar com Fernanda Montenegro o episódio Mary do Brasil, que encerra a série. É a história de uma atriz tarimbada que mora no Bairro de Fátima, já não faz muito sucesso e está tentando uma carreira na televisão. Eu represento o Ney. Fiel camareiro e fã da estrela, ele faz tudo para que ela atinja seus objetivos. O nome do meu personagem é uma homenagem ao Ney Mandarino, falecido em junho, que foi camareiro de grandes atrizes como Henriette Morineau, Tônia Carrero, Marília Pêra e a própria Fernanda Montenegro.