A cada dez operações policiais na Maré, seis acontecem perto de escolas
Foram 15 dias de aulas perdidas por causa das ações da polícia no complexo em 2022; dos 27 mortos nas incursões, 24 tinham indícios de execução
O número de mortes durante operações policiais no Complexo da Maré aumentou 145% em 2022, chegando ao maior patamar dos últimos três anos“. Segundo dados divulgados pela ONG Redes Maré nesta segunda (13), foram registradas 39 mortes por armas de fogo nas 16 comunidades que compõem o conjunto de favelas, sendo 27 delas em contexto de operações policiais. Desse total, 24 tinham indícios de execução. As informações estão no 7º Boletim Direito à Segurança Pública da Maré, que estuda o impacto da violência armada no território das localidades que integram o complexo. Segundo o documento, 62% das operações foram feitas perto de escolas e creches e 67% no entorno de alguma unidade de saúde. Ao todo, foram 15 dias de aulas perdidas nas unidades de ensino e 19 dias de atendimento médico suspenso por conta da violência.
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O projeto “De Olho na Maré”, que também participa do boletim, chama a atenção para a falta de critérios exigidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a realização de operações policiais em favelas, como a presença de ambulância para socorrer feridos, distanciamento de ações próximo a unidades de ensino e uso de câmeras de vídeo pelos agentes.
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De acordo com o boletim, do total de 39 pessoas mortas, 97% eram homens e, destes, 81% foram identificados como pretos ou pardos e 69% tinham até 29 anos. O levantamento também aponta para a violação de direitos de moradores, como invasões a domicílio, violência psicológica, violência física, dano ao patrimônio, cárcere, tortura e assédio sexual. Ao todo, foram 283 registros desse tipo, sendo 91,5% feitos durante operações policiais, segundo o boletim.