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“O Rio é um estado do consumidor”

Gutemberg Fonseca fala sobre a nova sede inclusiva da Sedcon e os avanços das ações de defesa do consumidor no estado

Por Da Redação
21 nov 2025, 07h30
Gutemberg Fonseca, secretário de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro
Gutemberg Fonseca, secretário de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro (Leo Lemos/Divulgação)
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Com mais de 18 anos de atuação na vida pública, Gutemberg de Paula Fonseca seguiu uma trajetória com passagens por áreas como turismo, segurança e esporte. Formado em administração, com especializações em marketing, ciências políticas e gestão de cidades, comandou secretarias municipais e estaduais e esteve à frente do Gabinete de Crise da Prefeitura do Rio durante a pandemia de Covid-19. Desde 2023, lidera a Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor (Sedcon), que tem chamado a atenção por ações como a interdição temporária do Cristo Redentor, após a constatação de falhas na prestação de serviços e acessibilidade. Em entrevista a VEJA RIO, o secretário fala sobre o avanço das fiscalizações, a ampliação da acessibilidade e os projetos de proteção e conscientização do consumidor fluminense.

O Rio virou, nas suas palavras, “um estado verdadeiramente do consumidor”. O que isso significa? A Constituição determina que os estados devem promover a defesa do consumidor. O Rio foi o primeiro — e ainda é o único — a ter uma secretaria exclusivamente voltada a isso. Hoje recebemos outros estados querendo entender nosso modelo, e até municípios passaram a seguir o caminho. A capital, por exemplo, criou recentemente sua própria Secretaria do Consumidor. Para nós, isso mostra que estamos trilhando a direção correta.

 

Como nasceu a secretaria? A ideia foi do governador Cláudio Castro. Começamos literalmente do zero: sem sede, sem carro, sem equipe. Fomos estruturando tudo com cuidado por conta do regime de recuperação fiscal, e o governador acompanhou cada passo. A motivação dele era clara: um consumidor seguro significa um estado mais forte e gente consumindo com mais confiança.

 

E quais foram os desafios no começo? O maior foi fazer a população acreditar que havia alguém lutando por ela. O combate às bebidas falsas contaminadas por metanol é um exemplo. Desde 2024 realizamos operações constantes, capacitamos equipes e nos preparamos. O resultado? Nenhum caso no Rio. A criminalidade percebe que aqui não tem espaço. A mesma coisa com as mais de 130 toneladas de sabão em pó falso que tiramos do mercado. Hoje, mais de 90% das denúncias vêm da população, que pode usar o canal Fala Consumidor para denunciar práticas abusivas ou irregulares, 24 horas por dia, via WhatsApp, telefone ou e-mail. Eles se apropriaram da secretaria, e isso muda tudo. 

 

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Quais são as principais preocupações da pasta? Nossos pilares são vida, saúde e segurança. O país perdeu mais de meio trilhão de reais com produtos ilícitos no ano passado. É muita coisa. Por isso atuamos onde o risco é maior: vestuário, bebidas e combustíveis. E nada disso é feito sozinho, trabalhamos com Polícia Civil, Polícia Militar, Receita Federal, entre outros órgãos. Também realizamos ações em parceria com a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). Recentemente, apresentamos um laboratório portátil capaz de identificar bebida falsa em 15 segundos e estamos negociando a compra de três unidades.

 

Os mutirões de renegociação viraram uma ação recorrente. Que impacto eles têm trazido? Em um ano, passamos por 18 municípios e renegociamos mais de 40 milhões de reais. E não são apenas números: são histórias. A do seu João, por exemplo: mais de 70 anos, 19 anos com uma dívida de 214 mil reais. Ele quitou por 546 reais. Perguntei o que aquilo significava e ele respondeu: “dignidade”. Isso resume muito do que fazemos.

 

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O Balcão do Consumidor é uma iniciativa recente da pasta. Como ele funciona? É a nossa forma de chegar mais perto, acolher e dar voz ao consumidor. Nós criamos polos espalhados pelo estado, cada um com psicólogo e assistente social, porque lidamos com problemas reais: ludopatia, compras compulsivas, famílias destruídas por dívidas. E iniciamos o Balcão do Consumidor das Favelas, em parceria com a Cufa (Central Única das Favelas). Muita gente nesses locais compra pela internet e não recebe o produto porque o endereço não é encontrado. Na hora de vender, o endereço existe; na hora de entregar, some. Aí entra a defesa do consumidor. A lei precisa valer para todos.

FRASE PARA DESTAQUE: O consumidor precisa entender o que está em jogo, ainda mais numa época em que o celular facilita, por exemplo, compras impulsivas e o vício em jogos

 

E como fica a atenção às pessoas com deficiência? Inauguramos na Cidade Nova a nova sede da Sedcon e do Procon-RJ com a meta de sermos a secretaria e a autarquia mais acessíveis e inclusivas do país. E isso nasceu da dor de quem nos procurou. Um cadeirante me contou que não conseguiu denunciar um abuso porque o antigo Procon funcionava em andares altos e ele tinha fobia de elevador. Ali percebemos que tudo precisava mudar. Depois veio o relato de uma mãe de criança autista que não tinha com quem deixar o filho. Criamos a sala sensorial. Hoje temos atendimento em Libras, piso tátil, Código do Consumidor em braile. Queremos alcançar a todos.

 

Como a pasta tem trabalhado a conscientização do consumidor? Criamos a Escola Estadual de Defesa do Consumidor Waldemar Zveiter para capacitar a população. Produzimos materiais como o Código comentado, a cartilha de educação financeira e a cartilha dos sete erros para identificar bebida falsa. O consumidor precisa entender o que está em jogo, ainda mais numa época em que o celular facilita, por exemplo, compras impulsivas e o vício em jogos. E, no caso da ludopatia, há um ponto de virada sério: vira patológico quando a pessoa começa a jogar para “recuperar o que perdeu”. Sou defensor de que plataformas de aposta tenham alertas de saúde, como acontece com o cigarro.

 

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O que mais orgulha o senhor nesta gestão? A pauta do consumidor mexe com vidas. Quando alguém diz “obrigado, a justiça foi feita”, isso paga tudo. Fui árbitro da Fifa, e árbitro não ganha medalha, ganha a sensação do dever cumprido. É exatamente o que sinto aqui. Mesmo com pedras no caminho e acusações que já recebi, seguimos caminhando.

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