Obra do novo elevado do Joá entra em fase decisiva
A ampliação do Elevado do Joá entra em sua fase mais complexa, com escavações sob um condomínio de 350 casas
Encastelado entre a Pedra da Gávea e o mar, o Elevado das Bandeiras, popularmente conhecido como Joá, é a principal conexão expressa entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca desde a sua inauguração, em 1971. Completamente saturada, a via finalmente recebe uma esperada obra de ampliação. Na semana passada, a empreitada, iniciada em agosto, entrou em uma fase considerada crucial. Com o auxílio de um equipamento dotado de três garras, os engenheiros abriram uma galeria para escavar o novo trecho a partir de um acesso no Túnel do Joá.
A máquina perfura a rocha e remove blocos sem a necessidade de explosões. Com isso, o risco de impacto nas cerca de 350 mansões erguidas na superfície da encosta, 40 metros acima, é bastante reduzido. O novo acesso permite que se abram três frentes de trabalho em direções opostas, o que reduzirá o tempo de escavação em dois meses. As detonações habituais nesse tipo de obra ocorrerão apenas na etapa final do processo e com volume reduzido de material explosivo, como forma de diminuir as vibrações. “É uma obra complexa, já que, além de dois túneis, teremos uma ponte sobre a Lagoa da Tijuca e um viaduto em São Conrado”, explica Marcio José Mendonça Machado, presidente da Geo-Rio.
A grande dificuldade se resume no fato de a construção acontecer em uma área povoada e com intenso tráfego de veículos. Como medida de segurança, tanto o Túnel do Joá como o do Pepino têm recebido reforços estruturais e estão sendo revestidos por uma manta de concreto. Isso porque as implosões poderiam provocar o desprendimento de pedras sobre as pistas. O novo Elevado do Joá faz parte do pacote de intervenções olímpicas e tem orçamento de 489 milhões de reais.
Calcula-se que, ao ser concluído, daqui a dois anos, fará com que o fluxo viário aumente 35%. Considerando uma média de tráfego de 112 000 veículos por dia, o tempo médio para percorrer seus 5 quilômetros deve cair dos atuais vinte minutos para apenas cinco. A primeira estrutura a ficar pronta será o viaduto de acesso de São Conrado, em março. Uma ligação cicloviária, que permitirá ir do Centro à orla da Zona Oeste de bicicleta, vai ocupar o acostamento do viaduto já existente e terá seu percurso totalmente segregado.
Do lado da Barra, a antiga área verde próximo à Lagoa cederá espaço a duas novas pistas. Somada à Linha 4 do metrô e aos novos BRTs, a obra deve, enfim, acabar com o pesadelo sofrido por quem transita entre a zonas Sul e Oeste. E será bem mais agradável percorrer o espetacular cenário que se descortina entre os túneis nas pistas debruçadas sobre o mar. ■