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Justiça seja feita: museu usa tecnologia para decodificar judiciário

Imersão e interatividade buscam aproximar cariocas e turistas da história das leis, no Brasil e no mundo

Por Paula Autran
25 jul 2025, 06h01
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Sem 'juridiquês': visitantes fazem um interessante passeio por conjuntos de normas e regras de diversos países e épocas (SuperUber/Divulgação)
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A princípio, as 21 “tabuletas” que recebem o visitante numa das duas novas salas do Museu da Justiça, no Centro, confundem mais que as mensagens do dito “juridiquês”. Algumas delas remetem à escrita cuneiforme, enquanto outras trazem textos em grego e latim. A ideia, ali, não é apenas informar sobre a história das leis. O espaço dedicado à preservação da memória do Poder Judiciário do estado passou por uma reforma e, agora, propõe ao público uma viagem imersiva, calcada em recursos tecnológicos. Uma vez diante do paredão aparentemente ininteligível, basta selecionar um conjunto de regras de civilizações antigas para que tudo se esclareça. Está lá, por exemplo, o Código de Hamurabi, um dos primeiros de que se tem notícia, criado para ordenar os povos mesopotâmicos por volta de 1772 a.C. Sim, o famoso “Olho por olho, dente por dente”. “Um dos objetivos do museu é decodificar a Justiça”, explica a arquiteta Liana Brazil, diretora criativa da SuperUber, especializada em design de experiências, que assina o projeto.

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Museu da Justiça: passeio pelas constituições brasileiras (SuperUber/Divulgação)

A interatividade dá o tom no aposento ao lado, onde é possível passear pelas sete constituições brasileiras, compreendendo os avanços da legislação a partir de casos históricos, como o de Luiz Gama (1830-1882), advogado negro que libertou centenas de escravizados, e o da farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, sobrevivente de duas tentativas de homicídio pelo então marido, que acabou batizando a lei sobre violência doméstica. “Também queremos transmitir a mensagem de que a Justiça é uma grande construção sociocultural. Ela nos molda e nós a moldamos”, reforça Liana. Esse é o início do processo de libertar o prédio de 1926 que abrigou a Corte de Apelação do então Distrito Federal e sediou o Tribunal do Júri. Crimes como os assassinatos da atriz Daniela Perez (1970-1992) e do jornalista Tim Lopes (1950-2002) tiveram desfecho ali. “Termos em latim e juízes togados nos distanciam das pessoas. Através da cultura nos comunicamos melhor”, defende a desembargadora Renata França, coordenadora geral da revitalização.

Nos planos para 2026 está a transformação do ambiente soturno do Tribunal do Júri em palco de uma experiência imersiva. Um apurado sistema de luz e som vai ajudar a reproduzir um julgamento, com vozes de atores representando juiz, réus e advogados saindo de suas cadeiras. Também as dependências destinadas ao chamado juri sequestrado, hoje descaracterizadas, serão cenografadas para dar a sensação de que se está espiando o que acontecia por lá na época dos rumorosos julgamentos em que os jurados tinham que ficar incomunicáveis. “Guardamos um verdadeiro tesouro”, reforça a desembargadora. Enquanto capital do Império, o Rio foi sede do Segundo Tribunal da Relação do Brasil, criado em 1751. Algumas dessas relíquias estão reunidas na exposição temporária sobre os 200 anos do nascimento de Dom Pedro II (1825-1891), em cartaz até setembro. “Ao chegar, parece que estamos entrando no velório do último imperador do país”, descreve Renata. Sob uma enorme foto de dezembro de 1985 que mostra Pedro II morto, em Paris, dois anos depois da proclamação da República, está o inventário original dele, ponto de partida para a mostra, que se debruça sobre seus bens e seu legado intelectual.

Nestes tempos em que os cenários expositivos são um convite a cliques e registros para caçar likes nas redes sociais, as mostras imersivas se tornaram praticamente uma imposição em todo o planeta. Um dos hits do verão europeu é a Casa dos Sonhadores, instalação multicolorida no Carrossel do Louvre, em Paris. Com mais de 400 projetos em quinze países, o portfólio da SuperUber inclui incursões criativas no Museu do Amanhã e a concepção do Museu Light de Energia, também no Centro do Rio, além de experiências em instituições como o Victoria & Albert Museum, de Londres. “No Museu da Justiça, os objetos são apenas um suporte para a nossa história”, enlaça Liana Brazil, acostumada a traduzir conceitos complexos em narrativas tangíveis para o grande público. Afinal, essa questão é lato sensu: um povo que compreende a própria trajetória consegue ter meios de lutar por um país mais justo.

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Perto do povo: “Através da cultura nos comunicamos melhor”, acredita a desembargadora Renata França (./Divulgação)

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Cultura hi tech: Mais três museus imersivos no Rio

Museu do Amanhã. Uma das mais conceituadas instituições imersivas do Rio traz na exposição principal uma narrativa multimídia, estruturada em cinco grandes momentos – Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós –, propondo respostas às grandes perguntas que a humanidade sempre se fez: de onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?

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Museu do Amanhã: de onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? (SuperUber/Divulgação)

Futuros – Arte e Tecnologia. No antigo Oi Futuro, no Flamengo, fica o Musehum, que convida à reflexão sobre o impacto dos avanços das comunicações nas transformações econômicas e socioculturais. Atração que encanta adultos e crianças é o voo panorâmico de balão, que proporciona uma viagem de hiper-realidade pelo céu da capital fluminense.

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musehum: reflexão sobre o impacto dos avanços das comunicações nas transformações econômicas e socioculturais (Instagram@futuros.artetecnologia/Divulgação)
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Museu da Light. O passeio começa com jogos, painéis interativos e uma maquete sobre a geração de eletricidade. Em seguida, num túnel com imagens e sons, o público percebe que seus movimentos também geram energia. Do outro lado, escuro, experimentos possibilitam uma brincadeira coletiva, em que as pessoas conseguem até acender as luzes de um prédio.

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Museu da Light: público percebe que seus movimentos também geram energia (SuperUber/Divulgação)
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