Morte à queima roupa na Maré foi um equívoco, diz secretário da PM
Segundo a corporação, o cabo Eduardo Gomes dos Reis, que foi detido e teve arma e câmera corporal recolhidas, responderá por omissão de socorro
O secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou que a abordagem que levou à morte do morador da Maré Jefferson de Araújo Costa com um tiro à queima-roupa foi totalmente equivocada. “Não é ensinado isso nos nossos bancos escolares, nos nossos centros de treinamento. A abordagem daquela forma, numa manifestação, não é feita daquela forma. Completamente equivocada a abordagem do policial”, admitiu o secretário, na manhã desta sexta-feira (9). Segundo a corporação, o cabo da PM Eduardo Gomes dos Reis foi detido em flagrante por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e teve arma e câmera corporal recolhidos. Ele e os demais policiais envolvidos na abordagem vão ser investigados por omissão de socorro.
+ Carnaval: o que você deve saber antes de assistir aos desfiles na Sapucaí
“Nenhum policial sai de casa de manhã cedo para trabalhar com a intenção de matar ninguém. Esse é o primeiro ponto. Não existe esse pensamento, não é isso que acontece na Polícia Militar do Rio de Janeiro. O fato está sendo apurado. Ele foi indiciado por homicídio culposo”, acrescentou o coronel, em entrevista ao Bom dia Rio. A investigação foi transferida da Delegacia de Homicídios da Capital, da Polícia Civil, para a Corregedoria da Polícia Militar, onde a conduta é investigada como crime militar.
Jefferson foi morto com um tiro de fuzil na tarde de quinta (8), durante um protesto na Avenida Brasil contra uma operação policial que ocorria na Favela da Maré. A ação tinha como objetivo localizar um caminhão-cegonha com 11 veículos de luxo que havia sido roubado. Um vídeo mostra o momento em que o cabo aborda o morador e faz um movimento como o fuzil como se fosse acertar Jefferson com o cano. A arma dispara, e um tiro acerta a barriga da vítima. O policial vai embora sem prestar socorro. O rapaz foi levado por populares ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde já chegou sem vida.
Em depoimento, o policial alega que Jefferson tinha uma pedra na mão, o que a família da vítima nega. Ele tinha 24 anos e, segundo parentes, tinha problemas psiquátricos e era usuário de drogas. “Tacaram spray de pimenta no olho dele. Ele foi colocar a mão no olho, quando ele foi colocar a mão no olho, o policial já atirou na barriga dele para matar de fuzil. Aí quando eles terminaram de matar o meu irmão, eles ainda começaram a rir da nossa cara e não ajudaram”, disse Kaylane de Araújo Costa, irmã de Jefferson, à TV Globo.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Em nota, a PM afirmou que “o fuzil de um dos policiais disparou” e que o local foi preservado para perícia, mas não informou por que o cabo foi embora sem prestar socorro. Durante a operação, outros dois moradores ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital Evandro Freire. Eles foram baleados na perna e na nádega, mas têm quadro de saúde estável.