Morte no Riocentro: família alega negligência da produção de show
O estudante João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, morreu no sábado (9) após receber uma descarga elétrica no evento I Wanna Be Tour
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11 mar 2024, 15h32
A família do estudante de educação física João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, morto ao receber uma descarga elétrica durante o festival I Wanna Be Tour, no Riocentro, na Barra, acredita que houve negligência da produção do evento. O enterro está marcado para a tarde desta segunda (11), no Cemitério Municipal de Maricá, município do Rio.
“Não me deixaram entrar; tive que chamar a polícia, também não deixaram entrar. Empurramos o portão e entramos. Tiramos fotos de fio desencapado, gerador mal localizado…”, contou à TV Globo Roberta Isaac Ferreira, mãe do jovem.
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“Já estavam desmontando para o show em Belo Horizonte. O local não foi preservado para perícia, não tinha mais nada, ninguém dava informação“, continuou ela. O caso foi registrado na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), e a Polícia Civil agora investiga a morte do jovem no festival.
Morador de Maricá, João foi de carro com a mãe até Niterói na manhã de sábado (9), tendo chegado por volta das 9h. Lá, pegou o ônibus fretado que o levaria até o local do festival. Roberta contou ao jornal O Globo que entrou em contato com o filho diversas vezes ao longo do evento.
“Falei com ele quando chegou, falei com ele às 16h, depois às 21h: ‘João, já acabou?’. Ele disse: ‘Não, ainda não’. Às 23h, ele não me atendeu mais“, descreveu ela. “Depois, liguei para ele de outro telefone, atenderam do [hospital] Lourenço Jorge, falando que meu filho tinha sofrido um acidente e que eu precisava ir para lá.”
“Quando cheguei, os médicos me chamaram e disseram que ele sofreu uma descarga elétrica e que tinha sofrido uma parada cardíaca. Eles conseguiram reanimá-lo, mas depois não conseguiram mais”, continuou ela. “Nem nos meus piores sonhos imaginei que isso fosse acontecer comigo”, desabafou.
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Segundo a organização do evento, a empresa 30e, após a chuva, o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança. Foi nesse momento que João Vinícius foi atingido pela descarga elétrica. De acordo com testemunhas, ele estava molhado por conta da chuva, quando encostou na lataria de um food truck próximo à pista premium da edição carioca do festival.
Roberto Simões, pai da vítima, defende que houve negligência. “Imprudência, irresponsabilidade dos produtores, do próprio Riocentro, desse food truck. As pessoas viram que estava chovendo, tinha que ver o que estava acontecendo. Mas não. Eu não tenho nem coragem de entrar ali [no Instituto Médico Legal] e ver meu filho estirado numa maca, sem vida”, desabafou ele à TV Globo.
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Roberta Ferreira, mãe de João, cobra uma resposta dos organizadores. “Eles precisam responder o que aconteceu com meu filho. Como que foi montado esse evento? Como que esses fios estavam lá? Pensaram nas pessoas que pagaram para assistir o evento?”, indagou.
Após o choque, João chegou a ser socorrido pela equipe médica do festival, que afirma ter realizado os procedimentos de emergência, incluindo tentativas de reanimação cardiopulmonar. A equipe do evento conta, ainda, ter levado João para o Hospital Lourenço Jorge, também na Barra. Mas o jovem teria chegado à unidade de saúde já sem vida.
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“Eles podem falar o que quiser, indenizar o que for, mas não vai trazer meu filho de volta. É inacreditável. Não podem fazer esses eventos assim”, frisou Roberto.
A família de João Vinícius também criticou a desmontagem do evento: segundo Roberta, mãe da vítima, que esteve no Riocentro no domingo (10) pela manhã, a estrutura do festival foi desfeita antes da perícia da Polícia Civil no local.
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“Eles não preservaram o local para a perícia, ninguém dava mais informação de nada. (…) Com certeza [atrapalharam as investigações], porque não preservaram o local do acidente. Desmontaram tudo, e agora não teve perícia”, denunciou. Ela também contou que, até então, ninguém do evento havia procurado a família.
Nota da organização
Por volta das 14h30 de domingo (10), a 30e, responsável pela produção do I Wanna Be Tour, publicou em suas redes sociais um comunicado sobre a morte do estudante.
“Na noite deste sábado, 9 de março, uma forte chuva atingiu o Rio de Janeiro enquanto o evento | Wanna Be Tour era realizado no Riocentro; e o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança. Neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado: o jovem João Vinícius Ferreira Simões foi atingido por uma descarga elétrica. O sistema de segurança foi acionado no mesmo instante para atendimento e para as providências de socorro. Apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital, o jovem não resistiu e, infelizmente, veio a óbito. A 30e, produtora do evento, lamenta profundamente e está apurando o ocorrido junto às autoridades. Até então, informações obtidas atestam para a conformidade da operação do food truck. A produtora já estabeleceu um primeiro contato com a família do jovem para prestar solidariedade e dar toda assistência necessária.”
Local do show
Os responsáveis pelo local do show, a GL Events, também se manifestaram, por meio de uma nota enviada à imprensa. “O Riocentro lamenta profundamente o ocorrido e informa que o jovem foi imediatamente socorrido pela equipe de socorro contratada pela organizadora do evento e responsável pela infraestrutura, que o encaminhou ao hospital. A administração do centro de convenções está acompanhando o caso de perto junto à organização, para que a família receba toda assistência necessária“.
Simple Plan se manifesta
A banda canadense Simple Plan, principal atração do festival, publicou um comunicado bilíngue (em inglês e português) em suas redes, assinado pelos quatro integrantes do grupo, em que eles se dizem “totalmente arrasados”.
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