O que se sabe sobre tiroteio no Morro Santo Amaro durante festa junina
Ação desastrada da PM provocou a morte de um office boy de 24 anos e ferimentos em outras cinco pessoas; um adolescente de 16 anos permanece internado

O corpo de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, foi enterrado neste domingo (8) no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele e mais cinco pessoas foram atingidos por tiros disparados em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, em uma festa junina no Morro do Santo Amaro, no Catete, na madrugada de sábado (7). Segundo moradores, a comunidade recebia um encontro de quadrilhas juninas, que vieram de várias regiões do estado, quando os agentes chegaram atirando. Herus trabalhava como office boy em uma imobiliária e deixa um filho de 2 anos.
+ Caso Bruno Krupp: Justiça mantém prisão de modelo acusado de homicídio
“Meu filho foi alvejado saindo de uma padaria. Estava feliz, tinha emprego, amava dançar quadrilha. Tiraram isso dele. Ele foi comprar um lanche e não voltou”, disse, emocionado, Fernando Guimarães, pai de Herus, no programa Encontro, da TV Globo, nesta segunda (9). O jovem chegou a ser levado ao Hospital Glória D’Or, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo o pai, um dos dois disparos o atingiu na veia femoral e, embora os médicos tenham conseguido reanimá-lo inicialmente, ele morreu pouco depois.
Diante da repercussão do caso, o governador Cláudio Castro determinou neste domingo (9) o afastamento imediato dos responsáveis pela ação do Bope. Foram afastados o coronel André Luiz de Souza Batista, comandante do Comando de Operações Especiais (COE), o coronel Aristheu Lopes, comandante do Bope, e 12 policiais que participaram da operação. “Agora pela manhã, em uma reunião com os secretários de Estado de Segurança e da Polícia Militar, determinei o afastamento imediato dos responsáveis por autorizar a operação na madrugada de ontem, na comunidade do Santo Amaro, em meio a uma festa popular”, disse o governador, em nota oficial. “Eu não quero uma nota, senhor governador Cláudio Castro. A sua nota não me ajuda. A sua nota não faz a minha dor passar. A sua nota não vai trazer o Herus para casa. Eu só quero justiça. O policial só debochava. Eles só debochavam”, disse a mãe de Herus, Mônica Guimarães, no Encontro.
De acordo com o relato dos pais, a polícia dificultou o socorro de Herus, que acabou sendo acudido por dois amigos que conseguiram furar o bloqueio policial e levar o corpo do jovem até o hospital. Testemunhas afirmaram que viram PMs arrastando o jovem pela escadaria. A perícia foi acionada e moradores procuraram diretamente o delegado da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para relatar abusos dos agentes.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
A ação gerou pânico entre os moradores da comunidade. Segundo testemunhas, os policiais chegaram atirando, mesmo cientes de que ocorria ali uma celebração junina, onde estavam muitas crianças. Um dos feridos, um adolescente de 16 anos, que permanece internado no Hospital Souza Aguiar. Polícia Civil investiga o caso. A Defensoria Pública do Rio também acompanha a apuração e cobrou transparência na condução das investigações.