AVALIAÇÃO ✪✪✪
“Componho com palavras”, disse certa vez a artista mineira radicada em São Paulo. Quem visitar a individual Pouco a Pouco, em cartaz na Galeria Laura Alvim, haverá de concordar. Nas nove obras apresentadas, o discurso escrito está sempre presente. Próximo à entrada, assoma a bela instalação Avant et Après la Lettre (2011), com um livro sobre uma montanha de fragmentos de páginas. Os hipnóticos vídeos que compõem Correspondência (2008), criação de Marilá em parceria com o artista Fabio Morais, sugerem um paradoxo: uma troca de mensagens de e-mail digitadas em máquinas de escrever. Batizada de ++, uma instalação de 2002 tem como evocação possível a efemeridade inerente à palavra, mesmo aquela escrita: nela, textos colados sobre uma sementeira são rasgados de baixo para cima conforme as plantas crescem, impedindo a leitura. Criação recente, Cores, Nomes (2013) é uma série de catorze impressões de versos em papel de algodão. Cada texto aborda uma cor ? caso, por exemplo, de “Yellow, yellow, yellow, yellow! It is not a color. It is summer!”, do americano William Carlos Williams ? e surge sobre uma folha pintada na tonalidade correspondente. Preste atenção em Ulyisses (assim mesmo, com y e i), de 2008, em que são destacadas as aparições de “palavra” e “word” em páginas de uma edição bilíngue da obra de James Joyce.
Galeria Laura Alvim. Avenida Vieira Souto, 176, Ipanema, ☎ 2332-2017. Terça a domingo, 13h às 21h. Grátis. Até o dia 17.