Filho de Cabral apaga fotos com suspeito de matar advogado no Centro
Eram dois posts: um mostrava confraternização com apoiadores, entre eles Cezar Daniel, em 2021; outro foi em atividade da campanha de Cabral, em 2022
O ex-deputado federal Marco Antônio Cabral apagou de suas redes sociais dois posts em que aparecia posando com Cezar Daniel Mondego — preso como suspeito de ter participado do monitoramento do advogado Rodrigo Crespo Marinho no dia em que ele foi executado, no Centro. Uma das fotos publicadas, em dezembro de 2021, mostra os dois em uma confraternização com várias pessoas reunidas. Na outra, o filho do ex-governador Sérgio Cabral aparece com o suspeito em atividade da campanha de 2022. Entre os deputados estaduais, corre a versão de que a nomeação de Cezar Daniel para um cargo no Departamento de Patrimônio da Assembleia Legistativa do Rio (Alerj) teria partido de Marco Antônio Cabral. Segundo o jornal O Globo, o presidente da Casa, deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), teria tido uma reunião a portas fechadas com o ex-deputado na última quarta (6).
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No encontro, Bacellar teria informado sobre o veto para novas nomeações ou trocas de postos na Casa. O filho de Cabral ainda manteria ingerência sobre outras três nomeações na Alerj. Bacellar também teria feito cobranças sobre o prejuízo político causado pelo vínculo de Cezar Daniel Mondego com a Assembleia. Em entrevista ao jornal, no entanto, Marco Antônio nega que tenha se reunido com Bacellar na data informada.
“O diretor de Patrimônio me disse que, na semana do crime, o Cezar o informou que precisava cuidar de questões pessoais e que, neste período, gostaria de deixar alguém da sua confiança no lugar. Como não havia suspeitas sobre ele e trabalhava no local desde 2019, a proposta foi aceita. Inclusive, foi dito a ele que, caso precisasse, poderia reassumir o seu posto, futuramente. O Cezar tinha ligações, sim, com o Marco Antônio Cabral, que aparece ao lado dele em fotos. Aliás, esta ligação é anterior ao meu mandato e a nomeação dele também, mas eu não saberia dizer se foi o Marco Antônio quem o indicou para trabalhar aqui”, afirmou Bacellar ao Globo.
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Já Marco Antônio admitiu que conhece Cezar Daniel desde 2012 e que ele lhe foi apresentado como uma liderança da região de Higienópolis, na Zona Norte. Mas negou que tenha indicado o suspeito para o cargo na Alerj. “Eu faço política desde os meus 12 anos de idade. Diversas pessoas me ajudaram nas três campanhas eleitorais que eu disputei, que somaram 160 mil votos. Conheci o Daniel na campanha do ex-vereador Eduardão, no ano de 2012, como liderança do Bairro de Higienópolis. De la pra cá ele atuou em diversas campanhas , de vereadores e deputados. Não fiz a nomeação dele em 2019. Nunca tive uma relação de intimidade com ele, mas o conhecia da atividade política”, disse Marco Antônio ao jornal. Sobre as fotos apagadas, o ex-deputado alegou que se deram em “contexto eleitoral” e que era “óbvia” a opção por apagar as postagens: “Sou advogado, na minha rede tem diversas fotos da minha família, e eu não quero uma foto que mesmo entre 50 pessoas, tenha um cidadão suspeito de participar de um crime hediondo“.