Macacos de Nicole Bahls geraram investigação contra tráfico de animais
Realizada na terça (13), Operação Defaunação gerou a prisão de três envolvidos em quadrilha, que falsificava documentos de órgãos ambientais
A apreensão de macacos adquiridos ilegalmente na casa de Nicole Bahls, em janeiro de 2023, desencadeou uma investigação sobre o tráfico de animais silvestres no Rio. Tudo culminou na Operação Defaunação, realizada nesta terça (12), que prendeu três pessoas envolvidas em um esquema de captura ilegal, receptação e tráfico de espécies, incluindo algumas em extinção.
Um dos presos é um bombeiro, apontado como chefe da quadrilha, responsável pela falsificação de documentos e selos públicos do Ibama e do Inea. Servidores do próprio Inea e do Comando de Policiamento Ambiental (CPAm), além de uma universitária e dois médicos veterinários participavam do grupo criminoso.
Foram realizados também 20 mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (RJ), na Região Metropolitana. A ação resultou na apreensão de animais encontrados em condições de maus-tratos, como cobras, pôneis, macacos e araras.
As investigações detectaram, até o momento, que ao menos 120 macacos-prego – incluindo alguns ameaçados de extinção, como o macaco-prego-de-crista – foram traficados em somente um ano. Outras centenas de animais como araras, cervos, pássaros e iguanas também eram vendidos ilegalmente, com valores por volta de R$ 20.000,00 a R$ 120.000,00.
A maior parte era anunciada nas redes sociais e poderiam vir acompanhadas do “kit” de documentos falsos. A polícia verificou que a quadrilha, com o intuito de despistar a fiscalização dos órgãos ambientais, fazia cadastros fraudulentos dos animais no Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre (Sisfauna) e no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass), ambos geridos pelo Ibama.
A existência desses documentos foi justamente a justificativa apresentada pela influenciadora Nicole Bahls e seu namorado, Marcelo Viana, para abrigar os animais em sua fazenda em Itaboraí. Os policiais, no entanto, descobriram que as papeladas eram falsas. O casal havia comprado por R$ 60.000,00, cada, os macaquinhos Mikael e Dani, na época da apreensão com quase cinco meses de idade. “Antes de fechar o negócio, Marcelo pesquisou muito e descobriu um ‘criadouro autorizado’ em Maricá [próximo a Itaboraí]. Na nossa cabeça, estava tudo legal, e não estava. Fomos enganados”, contou Bahls ao site F5 em 2023.
Os investigados agora deverão responder pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada, crime ambiental, peculato, falsificação de documentos e selos públicos, falsificação de documento particular, uso de documento falso e falsidade ideológica. Se Somadas, as penas podem chegar entre 46 e 58 anos de reclusão.