Leilão de 16 imóveis desapropriados pela prefeitura será ainda em 2025
Casarões históricos no Centro serão vendidos com exigência de restauração e apoio financeiro para recuperação

A Prefeitura do Rio vai levar a leilão, até o fim do ano, 16 imóveis desapropriados na área central da cidade. A lista inclui casarões no Largo de São Francisco de Paula e nas ruas do Teatro e Sete de Setembro, atualmente em estado de abandono ou ocupados por estacionamentos. Os atuais proprietários serão indenizados com o valor arrecadado na venda.
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A iniciativa faz parte do Reviver Centro Patrimônio Pró‑Apac, lançado por decreto publicado no Diário Oficial. O programa prevê incentivos para a recuperação de imóveis degradados em áreas tombadas ou cercadas de bens históricos, integrando-se ao plano de revitalização do Centro iniciado em 2021.
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Os novos donos serão obrigados a restaurar as fachadas e dar uso aos prédios, podendo receber do município apoio financeiro de até 3212 reais por metro quadrado. O investimento inicial é estimado em cerca de 11 milhões de reais, e a prefeitura pretende incluir outros imóveis na lista futuramente. O edital com as regras do leilão deve sair ainda este ano.
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Quatro dos imóveis ficam no Largo de São Francisco, ao lado da igreja homônima e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Nove estão na Rua do Teatro e outros três, na Rua Sete de Setembro. Muitos desses prédios abrigaram estabelecimentos famosos no passado, como a perfumaria Silva e a antiga Casa Colibri.

“Os arrematantes poderão dar qualquer uso aos imóveis, mas quem optar por habitação ganhará potencial de construção em outras áreas da cidade. As restrições se limitam ao respeito ao tombamento existente”, explica Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico. Segundo ele, antes do edital ser publicado, ainda será feita uma análise detalhada de cada imóvel para definir valores de mercado.
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Especialistas apontam avanços e desafios. Para Noêmia Barradas, coordenadora da Comissão de Patrimônio do IAB-RJ, o decreto está muito voltado ao mercado e deixa de lado diretrizes para moradias populares, o que pode favorecer processos de gentrificação. Já o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, professor da UFRJ, avalia a medida como positiva: “Sem moradores e comércio, o Centro se esvazia. Incentivos como esse são essenciais para reverter o quadro”.

Hotel Ipanema Plaza também será leiloado
Além dos imóveis no Centro, a prefeitura declarou de utilidade pública o antigo Hotel Ipanema Plaza, fechado desde 2017 após uma disputa societária. O prédio, na esquina das ruas Farme de Amoedo e Prudente de Morais, será desapropriado e leiloado para que volte a funcionar como equipamento turístico.
Avaliado em 200 milhões de reais no auge, o hotel teve o valor reduzido para cerca de R$ 80 milhões em 2023 e hoje acumula dívidas e danos estruturais. “A cidade não pode perder um equipamento por causa de conflitos privados”, afirma o secretário Osmar Lima. Nesse caso, porém, o leilão não prevê subsídio público — o novo proprietário terá que mantê-lo como hotel e arcar com a reforma.
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Para moradores e comerciantes da região, a notícia traz esperança. “O prédio virou um ponto de ocupação, com invasões e insegurança. Esperamos que volte a ser um hotel que valorize a área”, diz Carlos Monjardim, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema (Amai).