Mistério na Lagoa: feridas de capivaras são fruto de brigas entre animais
É o que diz biólogo do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), segundo ele, espécie é territorialista e se ataca com mordidas
Depois do desaparecimento de oito capivaras que viviam na Lagoa Rodrigo de Freitas ao longo dos últimos dois anos, os ferimentos encontrados num dos dois indivíduos remanescentes da mesma família, conhecido como Armando, deixaram frequentadores e biólogos preocupados no último domingo (16). Seriam agressões a pedradas? O mistério parece ter sido, finalmente, desvendado. Os machucados na parte traseira do tronco de Armando são típicos de brigas entre a própria espécie, segundo o veterinário responsável pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), Jeferson Pires. Para lá são levados animais machucados, que recebem atendimento ambulatorial.
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“São ferimentos típicos de mordida. Há 19 anos atuo no Cras e quase a totalidade dos casos que recebo é resultante de briga entre elas. As capivaras são bastante territorialistas e os machos costumam ser briguentos. Na tentativa de expulsar um grupo ou um rival, elas se atacam com mordidas, principalmente na parte traseira e na lateral do corpo, pegando tronco e tórax”, disse ele ao jornal O Globo.
Em fotos que viralizaram na internet, é possível ver os ferimentos de Armando em carne viva. Eles podem ser agravados caso algum inseto pouse e deposite larvas, causando um quadro infeccioso de berne – doença conhecida como miíase ou bicheira. “— Não é incomum que essa lesão evolua para um caso de bicheira. Uma mosca pode pousar no machucado e depositar larvas e parasitas, colocando em risco esse indivíduo. Nesses casos, é importante que tenha tratamento e aí fazemos a captura. Quando um animal que tem lesões não está com bicheira, a recomendação é que ele nem seja capturado, porque é um processo complexo e arriscado“, explicou Jeferson.
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No Cras, não há registros de atendimento de nenhum caso de capivara ferida a pedradas, seja de animais vivos ou mortos. Para o biólogo Mário Moscatelli, que acompanha o dia a dia das capivaras na Lagoa, é preciso haver um protocolo para dar uma resposta mais eficiente e ágil para identificar o animal ferido: “Pode ter sido briga entre eles ou uma maldade humana”, afirmou. Em nota, a Secretaria municipal de Meio Ambiente e Clima (Smac) afirmou que acompanha o caso da capivara Armando desde domingo e que “a Patrulha Ambiental esteve no local, mas não conseguiu localizá-lo”. Segundo retorno da patrulha, o animal por vezes volta para dentro das redes pluviais da região.