Bonecas Labubu movimentam bilhões e ganham versão genérica na Saara
Conhecidas como Lafufus, similares saem por a partir de 99 reais; originais estão esgotadas no site da marca Pop Mart

De tempos em tempos, a cíclica e feroz indústria da moda lança apetrechos aparentemente bobos, que caem no gosto dos consumidores e, imediatamente, tornam-se objetos do desejo. No começo dos anos 2000, os macaquinhos da Kipling, marca belga de mochilas e estojos, funcionavam como um carimbo para as pré-adolescentes, atestando pertencimento e um certo ar descolado. Eis que a febre do momento são as monstrinhas dentuças e orelhudas de pelúcia, batizadas de Labubu, vindas do outro lado do mundo.
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A fabricante chinesa Pop Mart faturou 2,2 bilhões de reais em 2024, com crescimento de 726% em um ano, segundo a Bloomberg. Tudo isso depois que o penduricalho enfeitou bolsas de celebridades internacionais, como as cantoras Lisa, da banda Blackpink, Rihanna e Dua Lipa. Em maio, a viagem romântica do casal Cid Pitombo, médico, e Thaís Siqueira, jornalista, por Roma e Paris, virou um périplo em busca das criaturinhas em formato de chaveiro para as filhas gêmeas Catarina e Valentina, de 11 anos. “Só encontramos as benditas bonecas sem o ganchinho para pendurar na bolsa. Elas não curtiram tanto”, conta Thaís.
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Inspiradas no folclore nórdico, as Labubus nasceram há dez anos, como ilustração de livros infantis, pelas mãos do designer Kasing Lung, de Hong Kong. A Pop Mart, especializada em miniaturas colecionáveis, percebeu o potencial das personagens em 2019. Mas só em 2023 as elfas foram transformadas em chaveiro e, então, alçadas a ícone fashion, graças à providencial ajuda do TikTok e seu poder de viralização.
No site oficial da fabricante, os chaveiros, vendidos a partir de 30 dólares (aproximadamente 165 reais), estão esgotados, o que inflou imediatamente um mercado paralelo. A falsificação ganhou até apelido por aqui: Lafufu. A influencer carioca Rebeca Cirico tem seis, algumas originais, compradas na internet por 900 reais cada, e parte genérica, adquirida em uma loja do shopping Via Parque, na Barra, a 150 reais. “Como você não sabe exatamente o modelo que vem dentro, é o mesmo prazer que eu sentia ao abrir um Kinder Ovo na infância, me desperta uma memória afetiva”, analisa.

Entre as famosas brasileiras, Marina Ruy Barbosa, Blogueirinha, o alter ego do humorista carioca Bruno Mattos, e Virginia Fonseca já circularam por aí com as monstrinhas. A criadora de conteúdo Kika Macedo arrematou a dela na Shopee por 336 reais e acredita que o grande trunfo da monstrinha é ajudar a quebrar o gelo no dia a dia. “Tem gente que vem puxar assunto comigo por causa dela. Tenho me conectado a pessoas que querem levar a vida de uma forma mais leve e criativa”, defende.
De fato, durante a sessão de fotos para a reportagem, no Fairmont, em Copacabana, uma funcionária do hotel pediu a Kika o bibelô emprestado, “para dar muito close”. A coordenadora de design de moda do Instituto Europeu de Design do Rio (IED), Yamê Reis, porém, chama atenção para o outro lado da história: “É um objeto descartável, produzido a partir do petróleo, apontando para uma certa alienação.” E não custa lembrar: a moda é sempre passageira.
Mania da vez
Há modelos na Saara a partir de 99 reais

A Saara, tradicional polo de comércio no Centro do Rio, já se tornou o paraíso da Labubu — ou melhor, Lafufu. A reportagem de VEJA Rio notou alguns modelos à venda entre 99 e 149 reais em lojas como Bazar MYK e Star Brink. Há, ainda, versões em miniatura do chaveiro, a 30 reais, e livros de colorir com as personagens como mote, por 16 reais. Em e-commerces como Shopee, Mercado Livre, Amazon e AliExpress, as genéricas saem a partir de 26,95 reais.

É fake ou não é?
As diferenças entre as pelúcias verdadeiras e falsas

Original
- Possui QR Code
- Cabeça menor, orelhinhas rígidas, olhos foscos e nove dentes
- Pelo bem macio
Cópia
- Não tem QR Code
- Cabeça um pouco maior, orelhinhas caídas, olhos brilhosos e oito dentes ou menos
- Pelo mais áspero