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Laboratório da Coppe leva inovações ao Museu Histórico Nacional

Entre as novidades está a projeção holográfica com atores vestidos com roupas de época dos séculos 18 e 19

Por Agência Brasil Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 jun 2017, 16h18 - Publicado em 12 jun 2017, 14h46
Museu Histórico Nacional
 (Divulgação/Veja Rio)
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Tecnologias inovadoras, desenvolvidas pelo Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), localizado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, vão dar “vida” ao Museu Histórico Nacional (MHN).

O projeto será inaugurado nesta terça-feira (13), na Galeria das Carruagens, onde foram aplicadas duas técnicas. Uma delas é a projeção holográfica, que utiliza atores vestidos com roupas de época dos séculos 18 e 19, resultado de parceria com a Escola Nacional de Belas Artes. A ideia é que ali, por meio de uma tela transparente de projeção, a pessoa perceba a interação com os atores, disse o diretor do Lamce, Gerson Cunha. “A gente pediu que eles (atores) fizessem gestos para atrair as crianças e dar um pouco de vida àquela galeria, que só tinha exposição das carruagens paradas”.

Outro aplicativo desenvolvido funciona tanto em tablet quanto em smartphone. “O museu está com um conjunto de tablets para atender aos grupos de visitantes, de estudantes. Nesses tablets, o visitante aponta para diversos cartazes e painéis e consegue ver os objetos em 3D. Além disso, a pessoa consegue ver a parte interna da carruagem, como se ela estivesse lá”, destacou. O aplicativo é gratuito e estará disponível para dispositivos da plataforma Android e IOS/Apple.

O visitante escolhe a carruagem de sua preferência, clica e tem uma visão interna. Se olhar para cima, vê o teto interno da carruagem. “Essa é uma experiência interessante, porque nenhuma pessoa pode entrar nas carruagens”, comentou Cunha. A pessoa consegue olhar, inclusive, com óculos de papelão, chamados cardboards, o que pode proporcionar aos usuários uma experiência 3D. O aparelho, produzido pelo Google, contém duas lentes e requer o acoplamento de um smartphone. “A pessoa consegue olhar como se estivesse dentro de cada veículo lá. O museu entrou com a parte técnica, de conteúdo, e a gente entrou com a parte tecnológica para associar”.

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Segundo Gerson Cunha, a proposta dessa cooperação não é só transformar o museu em um espaço virtual, mas ampliar a experiência do visitante. Ou seja, além de enxergar o acervo, ele começa a perceber coisas antes não identificadas. “É a realidade que tem ali aumentada, com informações adicionais, para dar vida”.

Durante os testes de implantação do projeto, feitos pelos técnicos do Lamce, grupos de estudantes avaliaram a introdução das tecnologias inovadoras. O resultado alcançado cumpriu o objetivo pretendido, disse Cunha. “Em nenhum momento, a gente quis que a tecnologia ultrapassasse o que tem ali e, sim, que aumentasse a experiência para ter mais informações do que está exposto”.

Sala Dreyfus

No mesmo dia 13, será mostrado o piloto de outro aplicativo para visualizar o teto da Sala Dreyfus. Como se trata de um teto muito alto, Gerson Cunha explicou que foi usada uma técnica que faz a composição de uma série de fotografias e traz essa composição para dentro de um tablet, onde a pessoa pode explorar as imagens, em um processo parecido com o do Google Maps. Com o aplicativo implantado pelo Laboratório do Parque Tecnológico da UFRJ, o visitante consegue dar um zoom (aproximação da imagem) e olhar detalhes mínimos de pinceladas da pintura”.

O diretor do MHN, Paulo Knauss, informou que o teto da Sala Dreyfus decorou originalmente a sala da revista do Supremo Tribunal Federal antes de o museu ocupar o local. Seu pintor foi Carlos Oswald, autor do desenho do Cristo Redentor. As seis alegorias retratadas no teto representam a história do direito no Brasil.

Como a parceria com o Museu Histórico Nacional está firmada, o Lamce se organiza para dar sequência ao projeto de introdução de tecnologias de realidade aumentada e holografia para outras peças históricas do museu. A continuidade do trabalho vai depender de patrocínio. A ideia, segundo Gerson Cunha, é expandir para todas as áreas da instituição, para que as pessoas possam chegar lá, observar as pinturas e, como ocorre com o Google Maps, chegar ao detalhe das pinceladas.

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O Lamce já fez protótipos dessas técnicas em várias galerias do museu, mas a aplicação do conteúdo geral se dará conforme os investimentos forem ocorrendo.

Investimentos

Cerca de R$ 170 mil foram investidos pelo governo federal na primeira fase do projeto, por meio de edital do Ministério da Cultura, informou Knauss. Como o Museu Histórico Nacional tem mais de 3 mil metros quadrados de áreas de exposição permanente, o diretor disse que estão sendo pensadas intervenções em diferentes setores. “A gente tem um pacote. Para cada um (setor), há uma ideia de ação”.

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A próxima etapa que deve receber as tecnologias desenvolvidas pelo Lamce, laboratório do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da UFRJ, é a das grandes pinturas históricas, como a Batalha Naval do Riachuelo, a Passagem de Humaitá e O Último Baile da Ilha Fiscal. Os recursos necessários atingem o mesmo valor da primeira etapa. “A gente agora vai começar a montar e preparar o novo projeto”, disse Knauss.

Tão logo consiga financiamento, o museu pretende dar início ao projeto, que revelará aos visitantes a técnica usada pelos vários pintores, o tipo de pincelada, o desenho de base que existe por trás, com visão raio X. Por outro lado, será feita a interpretação iconográfica dos elementos, para mostrar os objetos que o museu tem em sua reserva técnica. Um exemplo é a carranca da Fragata Amazonas, da Batalha Naval do Riachuelo. “A pessoa vai apontar seu celular ou tablet e vai ver uniformes de época que a gente tem na nossa coleção. Vai ver as imagens e as explicações desses elementos todos, por que estão compondo aquela tela”.

Renovação

No Último Baile da Ilha Fiscal, a ideia é identificar os personagens e tentar animar a tempestade que se organiza no céu, com nuvens representativas do Terceiro Reinado e da República. Na avaliação de Paulo Knauss, essas inovações vão contribuir para renovar o olhar do público em relação ao acervo do museu, ao mesmo tempo que permite outras formas de interação. No caso das carruagens, por exemplo, embora seja proibido o acesso direto aos equipamentos, a interação por meio do tablet promove uma viagem ao passado e permite contextualizar a peça exposta, para que o visitante entenda melhor o que ela significa.

Knauss destacou que, sobretudo para os jovens, as tecnologias constituem elemento adicional de atração do museu. “Eles interagem com essas linguagens eletrônicas com muita facilidade. Isso aproxima também a leitura das peças antigas, que têm um tipo de material e decoração diversificado. Atrai o jovem e, por meio dessa linguagem eletrônica, a gente tem mais um elemento que chama a atenção da juventude, além das possibilidades de animação”.

O diretor do Museu Histórico Nacional já tem preparado, também na linha das alegorias, projeto para as telas ovais do século 18 de Leandro Joaquim, que apresentam o cotidiano da cidade, como Pesca da Baleia, Lagoa do Boqueirão. A partir de imagem captada em gigapixel (alta resolução), poderão ser aumentados os detalhes, permitindo a leitura das miniaturas observadas nas cenas históricas, como a presença de escravos e indígenas. “Coisas que, na imagem geral, a gente não percebe”, disse Knauss.

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Acervo

O Museu Histórico Nacional ocupa todo o complexo arquitetônico da Ponta do Calabouço, na Praça 15, centro do Rio de Janeiro. Tornou-se o mais importante museu de história do país, com acervo de cerca de 258 mil itens, entre objetos, documentos e livros.

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