Justiça dá 24 horas para Unimed Ferj retomar tratamento de câncer
Denúncias de pacientes apontam estrutura precária e falta de medicamentos nas unidades de atendimento

Vinte e quatro horas é o prazo para que a Unimed Ferj retome o atendimento aos pacientes em tratamento de câncer. A medida determinada pela justiça prevê multa no valor de 1 milhão de reais em caso de descumprimento da ordem. O período termina nesta quarta (3).
Uma série de denúncias de pacientes oncológicos apontou falhas no atendimento da operadora de saúde e na estrutura do local de tratamento. Entre as principais queixas estão casos de clínicas e médicos descredenciados, a interrupção do envio de medicamentos e um novo espaço de tratamento com estrutura precária.
O Procon-RJ e a Secretaria Estadual de Defesa do Consumidor realizaram uma fiscalização no centro oncológico, o Espaço Cuidar Bem, em Botafogo, na última terça (2), e identificaram graves falhas na prestação de serviços como filas de até quatro horas de espera para realizar o tratamento de quimioterapia e falta de medicamentos.
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Nesta quarta (3), pacientes fizeram uma manifestação com cartazes na entrada do local para reivindicar a melhoria na estrutura do centro oncológico e a regularização dos protocolos de atendimento. O espaço foi inaugurado em agosto para prestar atendimento integral a pacientes com câncer. “Devido a um movimento de transição e processos externos à operação, houve um desabastecimento de medicamentos que foram prontamente sanados. Alguns são de manipulação específica do paciente e precisam da presença física na unidade para começar o processo. O serviço social da unidade está atuando integralmente em cada caso e nossos canais de atendimento estão sendo aprimorados para oferecer uma melhor segurança, acolhimento e informação”, afirmou Lívia Moura, diretora do Espaço Cuidar Bem.
Do ponto de vista dos médicos credenciados, a Unimed Ferj não tem condições de atender pacientes de câncer. “A situação também ocorre nos vários pronto-atendimentos da Unimed e se complicou muito em função do fechamento de várias emergências que atendiam pela empresa. Em especial, a emergência do Hospital da Unimed. Essas estruturas foram criadas apenas para triagem, onde os pacientes permaneciam de cinco a seis horas. Eles estão começando a permanecer de 24 a 72 horas, o que também nos coloca numa situação de risco”, afirmou o neurologista João Mascarenhas em entrevista ao G1.
Já o cardiologista Antonio Assad aponta a má administração da Unimed e a redução da rede disponível. “Essa crise não nasceu do nada, ela foi gerada pela incompetência com que foi administrada a Unimed Rio nos últimos dez anos. A ANS acabou transferindo a carteira para a Unimed Ferj, que não tinha nenhuma condição de assumir essa gestão. Avisamos que isso seria um grande erro”, afirmou Assad ao G1. A Unimed Rio deixou de atuar como operadora de plano de saúde em abril de 2024 e a Unimed Ferj herdou os beneficiários da rede.
O ministro da Saúde Alexandre Padilha afirma que está monitorando o caso: “A gente espera que o plano de saúde assuma a responsabilidade. A ANS tem mecanismos de obrigar esse plano e a própria operadora tem condições de obter recursos para se reestruturar e garantir o atendimento. É um direito dos usuários”.