1 – O UFC Rio é uma etapa bem-sucedida do circuito de MMA (mixed martial arts, o antigo vale-tudo). Qual a importância de uma vitória aqui, no combate do próximo sábado, dia 14, na HSBC Arena?
Nasci e comecei a lutar em Manaus, mas ganhar no Rio, onde moro, será o maior momento da carreira. Chegou a minha vez, e estou treinando dia e noite para concretizar o sonho. Ao entrar no octógono, vou me sentir como se estivesse no Maracanã com a camisa do Flamengo.
2 – Você acaba de assinar com o clube da Gávea. Acredita que vascaínos, botafoguenses e tricolores torcerão pelo seu triunfo?
Não tenho dúvida. Sempre fui bem recebido e não acho que provoque ódio nas pessoas por causa de um time. O torcedor mais fanático pode até ficar contra, mas tenho certeza de que terei o apoio de quase todos na arena. O público entende que, ali, represento o Brasil.
3 – O que achou da fotografia que seu rival Chad Mendes postou na internet com a camisa do Vasco?
Ele está brincando com uma coisa séria e não tem noção da repercussão que pode causar. Despertar a violência é muita irresponsabilidade.
4 – Os embates do UFC não são um estímulo à violência?
Nada disso. Somos uma espécie de gladiadores do terceiro milênio. Nosso esporte reedita a atmosfera dos tempos da Roma antiga. Além do mais, participamos de uma disputa com regras rígidas. Mas é fato que o público adora ver um soco que pega em cheio e um golpe bem encaixado. O sangue derramado acaba sendo uma consequência.
5 – Em seu último confronto, você bateu tanto no oponente que ele deixou o ringue com a cabeça deformada. Dentro do octógono não há espaço para os sentimentos de medo e pena?
Todo atleta tem medo, mas não do adversário. O que mais assusta é a derrota. Faz parte da cultura brasileira desprezar quem fracassa. Agora, o sentimento de compaixão não existe. Para mim, se o cara abrir uma brecha, vou para cima até ele desistir ou o juiz parar a luta.
6 – Você se julga imbatível?
Não sou invencível. Mesmo porque, se o atleta não evoluir o tempo todo, alguém vai acabar por derrotá-lo.
7 – Certa vez você afirmou que se considerava o melhor do mundo. Ainda pensa assim?
Isso aconteceu no início da minha trajetória e provocou uma polêmica danada. Agora, como detentor do cinturão na categoria peso-pena, posso afirmar que estava certo quando falei aquilo. Tenho que acreditar sempre que sou o número 1, embora nem sempre o melhor vença.
8 – Seu colega Vitor Belfort diz que o sonho maior da garotada pobre hoje em dia é se tornar profissional de MMA, e não mais jogador de futebol. Concorda?
Em parte. O futebol no Brasil é muito forte, e vai demorar para qualquer outro esporte conseguir chegar perto de sua popularidade. Mas é claro que, se olharmos para trás, nossa modalidade assumiu um papel importante entre os jovens carentes.
9 – Gostou de ter o ator Malvino Salvador como seu intérprete no filme biográfico previsto para estrear neste ano?
A escolha foi perfeita. Selecionaram um artista manauara e galã como eu. Na beleza ele ainda perde para mim, mas consegue compensar na simpatia. De qualquer forma, eu me sinto honrado. Será emocionante entrar no cinema e ver a minha vida na tela.
10 – Afinal, qual é a origem da sua cicatriz no rosto?
Excelente oportunidade para esclarecer de vez o assunto. Essa versão de que eu briguei em uma boate não tem cabimento. Devido aos treinos, nunca fui de frequentar a noite. O que houve foi um acidente doméstico. Numa brincadeira em casa com as minhas irmãs, caí em cima da grelha quente de uma churrasqueira. Tive que fazer enxerto, e aos poucos foi cicatrizando. Pelo que aconteceu, até que ficou uma marca bem pequena.