Incêndio no camelódromo: por que boxes estavam interditados desde 2019
O Ministério Público do Estado tentou, sem sucesso, obter o fechamento do espaço em 2021 devido às condições precárias

A promessa do prefeito Eduardo Paes de reconstruir o Camelódromo da Uruguaiana com melhorias é mais do que necessária, posto que é uma dívida antiga do poder público a respeito do conjunto que está interditados pelo Corpo de Bombeiros há mais de cinco anos. Após o incêndio de domingo (12), veio à tona a informação de que que o Ministério Público do Estado tentou, sem sucesso, obter a interdição do espaço em 2021, onde 96 dos mais de 1.500 boxes foram destruídos agora pelo fogo.
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Está contida nos autos da promotoria a conclusão de que o péssimo estado de conservação das instalações elétricas expõe ao risco de incêndios até os usuários da vizinha estação do metrô de Uruguaiana. Mesmo sem licença do Corpo de Bombeiros, a previsão é que o camelódromo seja reaberto na quinta (16). A prefeitura já está fazendo a remoção do entulho resultante do incêndio, e comerciantes desalojados vão ocupar boxes que estão vazios e não foram atingidos.
“O incêndio foi uma tragédia anunciada. Se tivesse ocorrido durante a semana, certamente teria vitimado muitas pessoas”, disse a promotora Patrícia Varella, que teve dois pedidos para fechar o espaço negados pela Justiça, o último deles em abril de 2024.
A Justiça entendeu que a responsabilidade para fechar o local seria da prefeitura, que emite as licenças de funcionamento para os comerciantes, e da estatal Riotrilhos, dona dos quatro lotes onde fica o Camelódromo.
O advogado da Associação do Mercado Popular da Uruguaiana, Ricardo Pereira, disse que o incêndio ocorreu em um momento em que a entidade buscava cumprir a legislação. “Buscávamos nos adequar assim como muitos outros locais da cidade. Já tínhamos implantado 80% da rede hidráulica nova projetada quando aconteceu isso“, disse Ricardo Pereira ao jornal O Globo. O Corpo de Bombeiros informou que emitiu ontem um documento com uma série de exigências, como a instalação de alarmes, extintores e hidrantes.
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O último recadastramento dos comerciantes da área ocorreu em 2015, quando a prefeitura exigiu que os vendedores se cadastrassem como Microempreendedores Individuais (MEIs). As autorizações provisórias não foram renovadas.
As chamas de domingo destruíram 1.200 metros quadrados do Camelódromo, de acordo com a Defesa Civil. Os bombeiros demoraram mais de 25 horas para terminar o trabalho, desde o início do fogo.